terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Prólogo da Beatificação de Dona Isabel

Pela Verdade e pela Vida nós vamos ao Congresso!
"Uma sociedade não pode avançar matando outras pessoas"

Prólogo da Beatificação de Dona Isabel

O arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, recebeu ontem, dia 19 de outubro, o pedido formal de abertura do processo de bem-aventurança e beatificação da princesa Isabel.

O Prof. Hermes Rodrigues Nery, acompanhado de seu filho, João Victor, 12 anos, entregou-lhe uma carta formalizando o pedido, e apresentou os argumentos e justificativas para a abertura do processo. No encontro, esteve presente o príncipe Dom Antonio João de Órleans e Bragança, da casa Imperial do Brasil.

Esforços conjuntos para abrir o processo de beatificação da princesa Isabel

Dom Orani explicou que como primeira providência deverá ir até a Arquidiocese de Paris, dado que a princesa Isabel faleceu na França, em 14 de novembro de 1921. Feito isso, será constituída uma Comissão para o início dos estudos e pesquisas, sob a supervisão do beneditino Dom Roberto Lopes.

A carta com o pedido foi assinada pelo prof. Hermes Rodrigues Nery, coordenador da Comissão Diocesana em Defesa da Vida e Movimento Legislação e Vida, da Diocese de Taubaté, e Mariângela Consoli de Oliveira, secretária-Executiva da Associação Nacional pró-Vida e Pró-Família, com sede em Brasília (DF).

outubro 20, 2011 por Wagner Moura

Carta entregue a Dom Orani.

[negritos separando o texto em seções por ECM]

São Bento do Sapucaí, 19 de outubro de 2011

À Vossa Excelência Reverendíssima DOM ORANI JOÃO TEMPESTA

DD. Arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro

“Mas meu coração é o mesmo para amar minha pátria e todos aqueles que nos são tão dedicados”.

Princesa Isabel do Brasil, durante o exílio

Com efusiva alegria lhe escrevemos, agradecendo desde já a acolhida, neste dia em que a Igreja celebra a festa de São Pedro de Alcântara (+ 1572), para solicitar-lhe de modo muito especial a abertura do processo que permita declarar serva de Deus a Princesa Isabel do Brasil (1846-1921), para posteriormente alcançar a sua beatificação. Seu exemplo de vida, que exigiu coerência e coragem em momento decisivo da nossa história, especialmente no difícil campo político, pode servir de referência aos que hoje sentem-se tentados ao desânimo, ao ceticismo e ao indiferentismo, ou pior ainda, aos que não se empenham mais aos sacrifícios necessários no exercício de funções públicas, tendo em vista o verdadeiro bem comum. Preparada desde cedo para ser rainha do Brasil, quis a Providência que exercesse a Regência por três períodos, e como governante mulher, zelosa de suas prerrogativas e deveres, empenhou-se vivamente para liquidar de vez no Brasil, a ignominiosa escravidão. Ao assinar a Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, seu nome fulgurou glorioso na história nacional.

Testemunharam os que conviveram com ela, o vigor límpido de seu caráter, seu autêntico patriotismo, a sensibilidade na busca de soluções efetivas que dessem ao Brasil condições a um desenvolvimento social pautado nos princípios e valores do humanismo integral, para corrigir distorções e abusos que atentassem contra a dignidade da pessoa humana, refletindo em ações concretas o que Leão XIII imprimiria em sua memorável Rerum Novarum. Quando as circunstâncias exigiram dela uma tomada de posição, ousou correr riscos em defesa dos fragilizados, decidindo em favor daqueles que mais necessitavam um olhar compassivo, tomando decisões que refletiram um desejo sincero e profundo de melhoria conjuntural para viabilizar um panorama social brasileiro menos perverso. “Carinhosa ao extremo, devotada à família, ela queria que todas as mães sentissem a ventura de se verem livres para melhor se dedicarem aos seus entes queridos. Vibrava nela, de modo intenso, o sentimento da solidariedade cristã”1 Nesse sentido, teve percepção do momento histórico em que viveu e não protelou os encaminhamentos necessários, agindo com firmeza, enfrentando resistências e dissabores, sem deixar de ser fiel às suas convicções humaníssimas e cristãs, ciente de que “todo cristão, no curso de sua vida, deve fazer frente a situações que exigem opções fundamentais, que comprometem até o fundo a sua caridade para com Deus e para com os homens, oferecendo-lhe, assim, a oportunidade de praticar a virtude de modo heroico”.2

No momento em que se viu com o destino da Nação em suas mãos, não recuou diante das dificuldades. A hora requeria muito mais que discursos em tribuna, mas a energia e a coragem para o bem. No tocante à abolição, “a herdeira do trono não era uma mulher só de palavras. Organizava festividades com o intuito de angariar fundos para diversos grupos abolicionistas – ela mesma contribuía financeiramente – possuía papel de destaque na Comissão Libertadora, protegia escravos fugitivos e apoiava quilombos abolicionistas, no que era apoiada por seu marido, o Conde d’Eu.”3 Enquanto muitos dissimulavam e evitavam as questões incômodas, ela olhou de frente e decidiu para o bem de todos. Não apenas na questão magna de sua vida – a emancipação dos escravos – mas também nos fatos corriqueiros do cotidiano, expressava uma dulcíssima benevolência, marcante de sua personalidade de temperamento forte, mas magnânimo, com uma “ternura mesclada à bondade sem limites e capaz dos mais assinalados sacrifícios”.4 Tinha consciência de que a sua condição de herdeira do trono brasileiro (cujo sangue descendia do cristianíssimo São Luiz), a levava a procurar na sobriedade e na generosidade um exemplo de conduta digna dos valores da sua fé cristalina. Machado de Assis ao descrever numa crônica publicada no Diário do Rio de Janeiro a sua festa de casamento, observou: “Uma das coisas que fez mais efeito nesta solenidade foi a extrema simplicidade com que trajava a noiva imperial”.5

Da Princesa Isabel, conta-nos um de seus principais biógrafos:

Ela “herdou do avô nítidos traços do seu temperamento, em que se condicionam a maneira forte de querer, a liberalidade dos sentimentos e o gênio voluntarioso. Sua impetuosidade e a desenvoltura dos gestos corajosos e enérgicos, são ainda atributos que lhe vieram do avô, como do avô era a sua natureza comunicativa, alegre, expansiva, donde o seu gosto pelas festas, pelas reuniões cheias de vozes e movimento. Bem educada e instruída, coisas que faltaram ao avô, era correta nos seus modos convenientes, geridos por seu alto senso de moralidade. Destemida, tinha ela a coragem e mesmo o desassombro de colocar, sem subterfúgios, o que aprazia os seus sentimentos acima dos preconceitos da época. Daí ter, certa feita, religiosa que era, chegado a ajudar suas criadas na lavagem de uma igreja, vassoura em punho, sem se lhe dar com a estranheza que isto causara em muitas pessoas, inclusive nos meios políticos. Franca e leal para consigo mesma, jamais faltara aos seus compromissos morais e sociais. Caracterizava-a, distintamente, a firmeza de convicção e a indomabilidade que sempre pusera à prova, quando se decidia por alguma coisa, e de que são exemplos frisantes a preferência dada ao médico francês que a assistiu nos seus partos e a sua sanção à lei que aboliu a escravidão no país.”6

E acrescenta:

“A princesa tivera uma infância bem cuidada: (…) A religião lhe penetrara o espírito e lhe abrira as portas amplas de um mundo de meditações utilíssimas, notadamente para a vida de uma mulher de sua condição, do seu porte, do seu gênio impulsivo, de sua voluntariosidade. De caráter firme e impoluto, animada que sempre fora de um sentimento de dignidade incorruptível, jamais abandonaria ela os hábitos e os exemplos da infância e da mocidade, fruídos no sadio e austero ambiente paterno, de tanta respeitabilidade e tão em harmonia com o seu feitio religioso, aprimorador de sua moral. De tal sorte lhe foi atuante e benéfica a educação recebida que, ao formar o seu lar, timbrara em prosseguir nos mesmos passos palmilhados na infância, tratando a todos com doçura e afabilidade. Não tinha, como a Imperatriz também não tinha, nem protegidas nem validas. Diz Heitor Lyra: ‘Se cultivavam um círculo restrito de amigas, com as que têm aliás todo o mundo, de uma forma meramente pessoal e privada, não lhes faziam , mesmo a estas, outras concessões que não fossem a de um puro sentimento de amizade franca e desinteressada, de parte a parte, que se refletia apenas no círculo caseiro do Palácio, sem nenhum alcance lá fora, na política ou na administração, mesmo nas dependências do Paço’. Foi virtuosa por índole e convicção. E como o avô, possuía uma qualidade admirável: não guardava rancor de pessoa alguma. Foram ambos, medularmente nobres”.7

E ainda:

“Do pai, por exemplo, herdara, a generosidade, a desambição, sobretudo o desapego ao dinheiro e aos bens materiais (…) Já a ânsia da caridade, o sonho de contribuir para a felicidade do próximo, a religiosidade, vieram-lhe da mãe, piedosa e mansa por excelência.”8

Como esposa e mãe deu exemplos admiráveis de fidelíssima amorosidade. Dedicada, sempre presente, preocupada com todos, com mais de cinquenta anos de sólida vida matrimonial na rocha da fidelidade aos princípios e valores cristãos. “Se formosa não era, possuía uma alma digna de ser muito amada”.9 Na véspera de suas núpcias, anotou: “Confessamos e comungamos, de manhã. Deus faça que sempre viva feliz com o meu amado Gaston, como espero e creio”.10 E foi, de fato, um casamento regado com afetuosidade mútua, correspondência volitiva, daquele respeito e até admiração que um nutria pelo outro, e de uma força unitiva especialmente nas horas mais difíceis de privação e provação, como vividas na guerra do Paraguai, e a injustiça do longo exílio, que a fez morrer distante do País que tanto amava e que tanto quis trabalhar pelo seu bem.

Dia do casamento da Princesa Isabel com o Conde d’Eu

Muita apreensão lhe causou a guerra do Paraguai, em que o despótico caudilho Solano Lopez desejava desposar uma das filhas de dom Pedro II. Com o agravamento da saúde de Luiz Alves de Lima e Silva, posteriormente Duque de Caixas, foi o Conde d’Eu chamado a ocupar o comando da guerra, na pior fase do conflito. “Ao faltar o esposo tudo lhe faltava, o abandono em que ficou foi doloroso”.11 (…) Tinha-se habituado tanto a viver junto a ele, sempre com ele e para ele, que a sua ausência mormente naquele transe, a desalentava”.12 Mas o dever era um imperativo. “Ele, cioso da condição que o seu casamento impunha e desejoso de ajudar o Brasil, não pensava senão em demandar o campo de batalha, à frente de nossas frentes militares”.13 Sofreu então Isabel a angústia de ver o marido partir para a guerra, quando tudo estava tão incerto. E o esposo aceitou com prontidão a difícil missão.

A vitória brasileira, em março de 1870, confirmou o sentimento de dever cumprido, cabendo ressaltar que “nem de leve cogitamos de impor tributos de vitória a nenhuma povoação ou cidade tomada, nem recolhemos indenização alguma do Paraguai, numa inequívoca demonstração de que lutamos contra o algoz que nos afrontou e agrediu, e não contra o seu povo, digno de todo o respeito e admiração pelos sofrimentos que enfrentou.”14 Dignidade no comando reconhecida até pelos adversários. “Sob as galas da vitória, o regresso de Gastão de Órleans foi festejado com entusiasmo. (…) Feliz, imensamente feliz estava a princesa Isabel ao ter novamente o esposo ao lado.”15 Em uma de suas viagens empreendidas à Europa, com seu esposo, é significativo destacar seu encontro pessoal com Dom Bosco, em maio de 1880.

Mas foi sem dúvida a abolição que a elevou em nossa história, porque sua atuação como governante foi decisiva para o êxito definitivo de uma causa que até hoje toca tão profundamente a alma do povo brasileiro.

Assinatura da Lei Áurea no Paço Imperial

“A princesa Isabel, que sabia do interesse que o seu pai nutria pela emancipação dos que viviam sob o guante da escravidão, a mourejar nas usinas e fazendas, secundava-o nas simpatias pela solução de tão grave problema social, vindo dos longes de nossa colonização. No fundo, talvez nem ela própria soubesse porque, possuindo um trono, mimada por todos desde o nascimento, e, pois, totalmente distante da dolorosa realidade escravista, condoía-se tanto por aqueles que não tinham sequer um travesseiro de sua propriedade sobre que pudessem descansar a cabeça para adormecer sob a exaustão do trabalho servil. Era entretanto a piedade cristã, que lhe falava alto ao coração; era a sua sensibilidade religiosa, que a fazia colocar os postulados da liberdade acima de todas as conveniências político-econômicas, e o anseio de ver o Brasil elevado social e moralmente perante as nações isentas do escravismo. (…) E Isabel, comungando dos sentimentos do pai e do esposo, não se conformava com o regime escravocrata, razão porque não ocultava suas preferências pelo abolicionismo. Dessa posição advieram-lhe acerbas e injustas campanhas das áreas escravistas. Mas como recorda o cônego Manfredo Leite, (…) ‘é mister reconhecer que o manancial onde se lustrou toda essa perfeição moral de d. Isabel, e onde ela hauriu essas energias para as fecundidades da sua bondade e da sua generosidade, foi incontestavelmente a pureza dos princípios cristãos, aos quais tanto se afeiçoou e com os quais se identificou sua larga existência, ora calma e deslisando na amenidade, ora batida pelas tribulações e agitada pelos infortúnios, que põem sobre a sua fronte uns toques dessa beleza dos mártires’” 16

Em 300 anos, de 1550 a 1850 (quando foi promulgada a Lei Eusébio de Queiroz), “segundo a incontestada autoridade de Silvio Romero, nada menos de doze milhões de escravos africanos foram trazidos pelo tráfico às nossas plagas”17. O abolicionismo foi uma daquelas grandes idéias-força (lançada em 1758 pelo advogado baiano Manuel da Rocha), que tomam uma tal proporção, “que uma vez surgidas não param mais, no decurso do tempo, até sua conversão em ato”.18 Isabel foi quem tornou em ato essa grande idéia-força, que custava por se concretizar, devido a resistência dos que ainda queriam viver de um sistema sócio-econômico de cruel abuso de poder. Afinal, os traficantes enriquecidos exerciam muita influência e grandes proprietários fizeram de tudo para retardar o fim da escravidão. Temia-se inclusive a convulsão social, incitamentos e explosões de violência, pois Isabel não desejava repetir aqui os embates de uma guerra civil sangrenta, em episódios traumáticos como ocorreram nos Estados Unidos da América. Teve pouco tempo à frente do País, numa hora grave e decisiva, e teve de agir com sabedoria e determinação. A abolição era uma grande ideia-força que precisava ser concretizada sem derramamento de sangue. Este foi um dos desafios políticos do Segundo Reinado, por isso dom Pedro II estimulou o gradualismo do movimento abolicionista, e Isabel evitou postergar o que há muito já devia ter sido feito, e com sua precisão e coragem política soube fazer história. Pagou caro por isso, perdendo a coroa, que tanto havia se preparado para honrá-la, mas ganhou mais do que isso: a glória de em vida ser chamada de Redentora, mesmo tendo que amargar um injustíssimo ostracismo, longe daqueles que tanto amava.

Temia-se que a abolição da escravatura provocasse graves distúrbios, falência da produção cafeeira, desordem pública, etc. Mas contra tais argumentos, vozes patrióticas, como as de Joaquim Nabuco, entre outros, de excelso valor ético e cívico, se ergueram para demonstrar com fatos, que a abolição significaria a condição imprescindível para o progresso social brasileiro. Muitos abolicionistas eram vistos como idealistas. “A raça negra nos deu um povo!” Bradou a voz de Nabuco, ecoando por toda a Nação esta verdade incontestável. E acrescentou: “Ela construiu o nosso País!”

No momento em que a Princesa Isabel assumiu o governo, sabia que não devia fraquejar diante daquela questão tão candente, que se arrastava por décadas, cuja solução era desejada por seu pai, o Imperador, mas que dependia de deliberação da Câmara e do Senado, e não era tão fácil assim decidir, porque a pressão contrária muito forte poderia colocar em risco sua própria vida e a da própria Monarquia brasileira. Com a sua decisão em cortar de vez aquele nó górdio que maculava o Brasil, “os republicanos entraram paralelamente em campo, dispostos a solapar o regime monárquico”.19 O barão de Cotegipe sugeriu à Regente “manter-se neutra, nessa questão, como a rainha Vitória”. 20 O que Isabel não aceitou, recordando assim, dessa forma, o que nos lembra a severa afirmativa de Dante Aleghieri: “Os lugares mais quentes do inferno são destinados aos que, em tempo de grandes crises, mantêm-se neutros.”

A Lei Áurea, de Spaniard Miguel Navarro Cañizares

Com um gabinete tão hostil, a demissão do ministério foi inevitável, “diante da firmeza da Regente”.20 E assim foi possível chegar ao 13 de maio festivo, em que por meio de uma subscrição popular foi oferecida à Princesa Isabel a pena de ouro para a assinatura da Lei da Abolição.

“Isabel alegre, satisfeita, feliz, toma o barão de Cotegipe pelo braço, leva-o à janela de onde por vezes contemplava a praça, hoje 15 de novembro, e mostrando-lhe a multidão em delírio, pergunta-lhe a voz afável e doce:

– Então, sr. Barão. V. Excia. acha que foi acertada a adoção da lei que acabo de assinar?

Cotegipe, que podia iludir-se e exagerar, como se iludiu e exagerou nas calamitosas previsões do efeito dessa lei, mas que tinha muito de clarividente, fita-a com carinho e responde-lhe, profético:

– Redimistes, sim, Alteza, uma raça; mas perdestes vosso trono…”21

Ela que também havia sancionado a Lei do Ventre Livre (em 28 de setembro de 1871, a histórica “sessão das flores”), no período de sua primeira regência, havia sido coroada com a glória da Lei Áurea, e, em seguida, com a proclamação da República, a sofrer o banimento no estrangeiro.

“No exílio a que foi forçada e onde passou, impiedosamente, o resto da sua existência, que se prolongou por 32 anos sem poder rever sua terra e sua gente, experimentou ela, principalmente no começo, os mais rudes golpes que lhe alancearam o coração. Primeiro, o desaparecimento da mãe estremecida; logo a seguir o pai a quem verdadeiramente adorava. Pouco depois, a perda de todos os seus bens imóveis, transferidos sem remuneração alguma para o patrimônio nacional, exatamente quando mais necessitava de recursos financeiros em terras estranhas; quase três anos adiante, uma nova nota plangente era vibrada na pauta do seu destino: o duque de Nemours, seu sogro, falecia no mesmo apartamento do Hotel des Réservoirs, em Versalhes, onde o Imperador se hospedara antes. Paradoxalmente, porém, se a morte do duque enlutou a alma do casal d’Eu, o triste evento veio desafogar-lhe os dias carentes, terrivelmente críticos, tornando-os menos sombrios e até mais confortáveis. Isso porque , no ano seguinte ao do seu desaparecimento, passou ao conde d’Eu a plena posse da casa em que habitavam em Bolonhe-sur-Seine e pouco mais tarde, também a do histórico castelo d’Eu, onde passaram a residir pelo resto de suas vidas”.22

Talvez nenhuma outra figura política brasileira viveu tanto tempo privada de seus direitos mais legítimos, pois a República lhe banira tudo. E a cada ano que passava no exterior e a idade avançava, apertava-lhe a dor da saudade, das manhãs luminosas do Corcovado, da sua cidade natal, cuja data de seu batismo coincidiu com o triste 15 de novembro, até despedir-se de vez deste mundo, muito próximo também a esta data, um dia antes, em 14 de novembro de 1921. Exílio muito penoso, porque foi uma viagem sem volta. Um desterro em condições muito humilhantes, que se prolongou até o final de sua vida. Mesmo o seu pai, que governou por durante por mais de 40 anos o Brasil, morreu como um hóspede num quarto de hotel, em Paris.

“E o mais singular é que, à medida que o tempo ia passando, mais na princesa se acentuava este traço característico do pai: quanto maior era a saudade que a pungia, maiores eram o carinho e a dedicação que consagrava aos brasileiros. Possuída cada dia mais de uma grandeza de alma que se refletia na suavização cada vez maior do semblante , dir-se-ia ter passado a viver melhor quando se viu desenganada de reconquistar para ela, ou para o filho, o trono que lhe fora destinado ao nascer. Atingida, finalmente, a conformidade, que tanto lhe custou a aceitar, diariamente se encaminhava para a capela do seu castelo, e, joelhos no pequeno genuflexório colocado em frente ao altar, orava para que o Brasil fosse bem sucedido e Deus se servisse de guardar as instituições que o engrandecessem no futuro. Curiosa nobreza de sentimentos cívicos, que a fazia cada vez mais devotada à sua terra e sua gente”.23

Sobre como a princesa Isabel suportou a dureza de seu longo exílio, escreveu Assis Chateaubriand:

“Apagada a sua estrela política, depois de vencida a tormenta da abolição, ela não tinha a expressão dura, uma palavra amarga para julgar um fato ou um homem do Brasil. No mais secreto do seu coração, só lhe encontrávamos a indulgência e a bondade, e este espírito de conduta, esse desprendimento das paixões em que se viu envolvida, era a maior prova de fidelidade, no exílio, à pátria distante. Mais de trinta anos de separação forçada não macularam a alvura dessa tradição de tolerância, de anistia dos agravos do passado, que ela herdara do trono paterno.” 24

Isabel sabia que “um rei cristão tem por função sobretudo (…) governar bem o seu reino, cuidar tanto de seu corpo físico como de seu corpo político e permanecer entre seus súditos”.25 Foi o que procurou fazer nos períodos de sua Regência, e daí a sua dor de não poder permanecer entre os seus, mas mesmo de longe, o seu olhar e o seu coração estavam voltados para o Brasil. No exílio, ela se portou com a dignidade de Imperatriz do Brasil, cujos sofrimentos a purificou, e em todos os momentos permaneceu solícita aos muitos brasileiros que a procuravam e a amavam

“A Princesa Isabel reinou, verdadeiramente, foi no exílio. Aí é que a sua realeza excede o principado político das regências que lhe couberam por motivo das viagens do Imperador à Europa. Ali é que ela surge diante da posteridade com o perfil de uma autêntica Rainha’. Razão por que, ‘todos os brasileiros, pretos e brancos, deveriam ter o culto dessa Rainha de doçura e de bondade. Eu abençoo os que a baniram, porque foi no exílio que ela deu toda a medida da majestade e da magnanimidade do seu coração. Ela viveu no desterro como símbolo da fraternidade, com afirmação da Pátria, acima dos partidos e dos regimes. Debaixo da sua meiguice, da sua adorável simplicidade, quanta fortaleza de caráter, quanto heroísmo, quantas obras valorosas!”26

Caríssimo Dom Orani,

Muito teríamos a dizer ainda sobre as virtudes santificadoras da Princesa Isabel, que merecem serem melhor estudadas e conhecidas, porque nesses 90 anos decorridos de sua morte, ao longo do século XX e começo deste século, as sombras ideológicas que dominaram o cenário cultural e político do Brasil tudo fizeram para encobrir o perfume e a luz desta vida radiosa em nossa história, e que hoje pensamos ser possível fazer justiça.

Nesse sentido, solicitamos a Vossa Reverendíssima, a nomeação de um prelado da vossa Arquidiocese para ser o postulador desta causa, que certamente permitirá aos brasileiros conhecerem melhor e a amar mais aquela que muito fez pelo bem do nosso País. Não temos dúvida, de que o acesso aos documentos, às fontes históricas, revelarão uma vida edificante que muito motivará aos brasileiros e de modo especial aos fiéis católicos, a perseverarem na esperança de seguir o caminho de verdade e vida proposto por Nosso Senhor Jesus Cristo, via certa da salvação. E que a Virgem Maria Santíssima, Mãe de Deus e Rainha do Céu, interceda por esta causa, para o bem de todos.

Gratíssimos!

Prof. Hermes Rodrigues Nery

Coordenador da Comissão Diocesana em Defesa da Vida – Movimento Legislação e Vida

Diocese de Taubaté

Mariângela Consoli de Oliveira

Secretária-Executiva

Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família

Brasília – DF


Bibliografia:

1. Hermes Vieira, Princesa Isabel – Uma Vida de Luzes e Sombras, p. 145, Edições GRD, São Paulo, 3ª edição, 1990

2. Tullo Goffi, Dicionário de Espiritualidade, Heroismo, p. 476; Paulus, 2ª edição, 1993.

3.http://www.casaruibarbosa.gov.br/dados/DOC/artigos/o-z/FCRB_EduardoSilva_Camelias_Leblon_abolicao_escravatura.pdf

4. Hermes Vieira, Princesa Isabel – Uma Vida de Luzes e Sombras, p. 27, Edições GRD, São Paulo, 3ª edição, 1990.

5. Ib. p. 52.

6. Ib. p. 11.

7. Ib. p. 12.

8. Ibidem.

9. Ib. p. 69.

10. Ib. p. 42.

11. Ib. p. 75.

12. Ibidem.

13. Ib. p. 76.

14. Ib. p. 90.

15. Ib. p. 91.

16. Ib. p. 93.

17. Ib. p. 99.

18. Ib. p. 100.

19. Ib. p. 147.

20. Ib. p. 152.

21. Ibidem.

22. Ib. p. 161.

23. Ib. pp. 231-232.

24. Ib. p. 232.

25. Ibidem.

26. Jacques Le Goff, São Luis, p. 147, Ed. Record, 3ª edição, 2002.

27. Hermes Vieira, Princesa Isabel – Uma Vida de Luzes e Sombras, p. 233, Edições GRD, São Paulo, 3ª edição, 1990

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

CAÇADORES DE UNICÓRNIO - I


Introdução


Assim disse São Thomaz More certa vez: "É mais breve e rápido escrever heresias que responder a elas." Com isso justificamos e desculpamos nossa demora em responder a certas acusações de liberalismo na atual Casa de Orleans-Bragança. Não que nossos adversários sejam hereges no sentido estritamente teológico do conceito, mas suas orientações demonstram um profundo desconhecimento de matéria filosófica, política e até teológica.
De fato sob a desculpa de seguir uma espécie de tomismo puríssimo, baseado unicamente na repetição de artigos da “Summa” e propondo-se absterem-se do ato de filosofar, ou seja, de desenvolverem um pensamento com as premissas tomistas e deles inferirem silogisticamente uma conclusão, eles demonstram ter se apegado a um ente puramente ideal e cerebrino, uma abstração que idealizaram, como sendo o tomismo. Além e aquém dessa pretensão de serem filósofos melhores que todos os outros filósofos atuais, pretensão esta que Chesterton em sua biografia de Santo Tomás nega com uma humildade candente ao dizer: “Eu não sou como o padre D’Arcy, (...), um filósofo douto, treinado na técnica da ciência.” [1] Deles se pode dizer com Dom Odilão Moura, que tendo “um desejo de acatar a orientação vinda da Santa Sé, que determina seguir-se as pegadas do doutor angélico, satisfazem a própria consciência denominando-se ‘tomistas’. Contudo, ao se procurar saber mais a fundo o que pensam sobre o tomismo, ou o desconhecem totalmente porque jamais leram sequer, de modo atento, uma só obra de S.Tomas, ou o recebem num contexto kantiano ou teilhardista. Com raríssimas exceções, os que escrevem sobre S. Tomás ou o citam, é apenas para desfigurá-lo.”[2]  
Demonstram essa ignorância quando, juntam a pretensão de ser filósofos, à pretensão de ser cientistas políticos, não sabendo, no entanto, a sutil diferença entre a filosofia do direito, e a ciência do direito, a filosofia do poder, e a ciência política com a filosofia geral, acreditando que aquelas ciências, podem explicar unicamente se aplicando os conhecimentos que tenham nesta. Em seus textos eles demonstram estarem completamente alheios ao conhecimento jurídico, e da problemática jurídica atual, bem como alheios de qualquer conhecimento em ciência política e Teoria do Estado. Provavelmente nunca estudaram, ou ouviram falar de Gustav Radbruch, Tomás Antônio Gonzaga, Cristiano Tomasio, Miguel Reale ou Hans Kelsen, só para citar alguns autores que todo aquele que se propõe a estudar ciências sociais e políticas têm que ao menos conhecer de nome.
Ademais, ignorando o magistério perene da Igreja, em especial Pio VI, Leão XII, Pio IX, Leão XIII, São Pio X, Pio XI, e Pio XII, têm a pretensão descarada de poder definir com base em especulação teológica quem sejam os reais herdeiros do trono do Brasil, imaginando que teologia, filosofia e política sejam ciências que se estudem pelas mesmas regras.
Essa gente, além do ente imaginário e cerebrino que definem como filosofia tomista, possui ideias políticas que podemos dizer, novamente com Dom Odilão Moura [3], são fruto “da indistinção entre o essencial e o acidental” de onde decorre sua tese de que a “Idade Média é a única civilização adequada” ao ensinamento da Igreja, e que a monarquia medieval “é o único regime político cristão” que um católico pode defender (esquecendo todas as formas de governo medieval diferentes das monarquias francesa, germânica, lusitana, castelhana, lyonesa, aragonesa e galícia), e na falta delas uma república presidencialista governada por um santo como Garcia Moreno.
Que são as ideias políticas e filosóficas deles senão uma idealização, digna de Rousseau e o mito do bom selvagem, de uma sociedade puríssima, como puríssima pretendia ser a sociedade sem governos de Bakunin e outros revolucionários.
Desassociando-se da realidade esses pseudotradicionalistas criaram um ente mitológico, e apegados a ele buscam com fremente fúria e orgulho, quase que como crentes em algum dogma de fé solenemente pronunciado por um papa ou concílio, que todos tenham os mesmo ideais políticos surreais de modo que como seita, excluem de seus círculos de amizade os que não aceitam-no. Também desconsideram como se fossem revolucionários quaisquer grupos, quer filosóficos, ou políticos, que discordam de suas posturas. Na prática, quando se tratam desses grupos, eles sempre buscam o menor indício ou aparência daquilo que eles mesmos consideram errado, são homens e mulheres (mulheres interessadas em política?) que buscam o chifre na cabeça do cavalo para justificar a própria inércia e esperança sebastianista num governante milagroso, que faça tudo voltar a ser como eles acham que era. São caçadores de unicórnio em busca deste chifre na cabeça do cavalo, crentes no ente imaginário, perdendo o tempo de braços cruzados enquanto o mundo real se desfaz ao seu redor.
Para responder a todas as suas acusações contra a Casa de Orleans-Bragança, e para servir de elucidação a todos os Católicos Monarquistas, iniciamos então esta série, este estudo, que não pretende trazer a lume nada de novo, ou surpreendente, apenas esclarecer. Tampouco nós nos consideramos tomistas, já que esta pretensão é como diz o Padre Berto, “uma pretensão ridícula” [4], nos propomos apenas demonstrar que:
I) É necessário crer que a Monarquia é, conforme a doutrina da Igreja, o melhor dos regimes;
II) Mesmo corrompida e apesar da corrupção do monarca, preferível, conquanto mal menor;
III) Nunca um monarca perde por heresia ou qualquer pecado contra a fé o seu direito sucessório;
IV) Nenhum tipo de monarquia pode ser considerado intrinsecamente liberal;
V) Nossa independência e governo de Dom Pedro I, bem como seu sistema político (a Carta Constitucional de 1824) não foram ilegítimos ou prejudiciais à Igreja;
VI) Como a república além da ilegitimidade sempre foi prejudicial à nação e à Igreja;
VII) Dom Pedro II não era um inimigo da Igreja como o pintam muitos católicos;
VIII) Não são liberais os atuais herdeiros da Coroa Imperial;
IX) Tampouco sua proposta pode ser qualificada de liberal;
X) Como desde o exílio da Família Imperial, a Princesa Isabel e seus herdeiros conduziram o movimento com prudência e os motivos para esta prudência;
XI) Concluiremos explicando porque o movimento monárquico admite maçons, protestantes, hereges e o que seja, bem como até que ponto isso é admissível.



Luiz Cordeiro Mergulhão Silva
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[1] CHESTERTON, Gilbert Keith, “Santo Tomás de Aquino, Colección Austral nº 20, Editora Espasa-Calpe, Madrid, 1973, pág.. 137)
[2] DOM ODILÃO MOURA, “Ideias Católicas no Brasil”, Editora Convívio, 1978, pág.212.
[3] DOM ODILÃO MOURA, “Ideias Católicas no Brasil”, Editora Convívio, São Paulo, 1978, pág. 206.
[4] Pour La Sainte Eglise romaine, págs..79-80, in Dom TISSIER DE MALLARAIS, Monseñor Lefebvre, La biografía, Ediciones Rio Reconquistas, Buenos Aires, 2010, pág. 54.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

PIO IX LIBERAL?

“É seguro que não ignorais, veneráveisirmãos, que em nossos tempos muitos dos inimigos da Fé Católica dirigem seusesforços especialmente em pôr toda opinião monstruosa no mesmo nível que adoutrina de Cristo, ou em confundir esta com aquelas, e assim tentam eles cadavez mais propagar aquele ímpio sistema da indiferença de religiões.
Mas muitorecentemente, trememos em dizê-lo, homens apareceram que lançaram taisreprimendas sobre o Nosso nome e a Nossa dignidade Apostólica, que eles nãohesitam em caluniar-Nos, como se Nós compartilhássemos da loucura deles efavorecêssemos o mencionado sistema perversíssimo.
A partir dasmedidas, de modo nenhum incompatíveis com a santidade da religião católica,que, em certos casos relativos ao governo civil dos Estados Pontifícios, Nósconsideramos apropriado por bondade adotar, como tendentes à utilidade eprosperidade públicas, e a partir da anistia graciosamente concedida a algunsdos súditos do mesmo Estado no início do Nosso Pontificado, parece que esseshomens quiseram inferir que Nós pensamos com tanta benevolência acerca de todaclasse de gente, a ponto de supor que não somente os filhos da Igreja, mastambém o restante, independentemente do quão alienados da unidade católicapermaneçam, igualmente estejam no caminho da salvação, e possam chegar à vidaeterna.
Ficamos paralisadosde horror e quase sem palavras para expressar Nossa detestação dessa nova e atroz injustiça que Nos é feita.
Amamos, de fato,toda a humanidade com o mais íntimo afeto de Nosso coração, mas não de outromodo senão no amor de Deus e de Nosso Senhor Jesus Cristo, que veio para buscare salvar aquilo que havia perecido, morreu por todos, quer que todos os homenssejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade; por isso, enviou Seusdiscípulos para o mundo inteiro, para pregar o Evangelho a toda criatura,proclamando que quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer serácondenado; aquele, pois, que quiser ser salvo, venha para a coluna e ofirmamento da Fé, que é a Igreja; venha para a verdadeira Igreja de Cristo, queem seus Bispos e no Romano Pontífice, o chefe e cabeça de todos, tem a sucessãoda autoridade apostólica, jamais interrompida em momento algum; a qual nuncaconsiderou nada mais importante do que pregar e, por todos os meios, guardar edefender a doutrina proclamada pelos Apóstolos, por mandato de Cristo; a qual,desde o tempo dos Apóstolos em diante, aumentou em meio a dificuldades de todosos tipos; e, sendo ilustre através do mundo todo pelo esplendor dos milagres,multiplicada pelo sangue dos mártires, exaltada pelas virtudes de confessores evirgens, reforçada pelos sapientíssimos testemunhos dos Padres, floresceu efloresce em todas as regiões da terra, e brilha refulgente na perfeita unidadeda Fé, dos Sacramentos e da santa disciplina.”

(PIO IX, na Alocução aos Cardeais no Consistório de 17 de dezembro de 1847)

Tradução cedida por Felipe Coelho

sábado, 4 de fevereiro de 2012

MONSENHOR DE SÉGUR E A REVOLUÇÃO FRANCESA (III)

Capítulo II: O que é a Revolução e de como ela é uma questão religiosa, não menos que política e social

Revolução não é uma questão puramente política; é também uma questão religiosa, e é tão somente por esse ponto de vista que escrevo aqui. A Revolução não é somente uma questão religiosa, mas é a grande questão religiosa de nosso século. Para nos convencermos, basta refletir e precisar.
Entendida em seu sentido mais genérico, a Revolução é a revolta erigida em princípio e em direito. Não é apenas o fato da revolta; em todos os tempos houve revoltas; é o princípio da revolta tornando-se a regra prática e o fundamento das so...ciedades; é a negação sistemática da autoridade legítima; é a teoria da revolta, é a APOLOGIA E O ORGULHO DA REVOLTA, a consagração legal do princípio mesmo de toda revolta. Não é também a revolta do indivíduo contra o seu legítimo superior, revolta simplesmente chamada de desobediência; mas é a revolta da sociedade enquanto sociedade...O caráter da Revolução é essencialmente social e não individual.
Há três graus na Revolução: 1º A destruição da Igreja, como autoridade e sociedade religiosa, protetora de outras autoridades; neste primeiro degrau, que nos interessa diretamente, a Revolução é a negação da Igreja ereta em princípio e formulada em direito; a separação da Igreja e do Estado com o objetivo de descobrir a Igreja e de lhe retirar seu apoio fundamental; ‎2º A destruição dos tronos e da autoridade política legítima, consequência inevitável da destruição da autoridade católica. Essa destruição é a última palavra do princípio revolucionário da democracia moderna e do que hoje se chama de sobe...rania do povo; 3º A destruição da sociedade, a saber da organização por ela recebida de Deus; em outros termos, a destruição dos direitos da família e da propriedade, para o benefício de uma abstração a quem os doutores revolucionários denominam de Estado. É o " socialismo", mais recente palavra da Revolução perfeita, última revolta, destruição do último direito. Nesse grau, a Revolução é, ou melhor dizendo será, a total destruição da ordem divina sobre a terra, o perfeito reino de Satã sobre o mundo, precisamente formulada pela primeira vez por JJ Rousseau, depois em 89 e 93 pela revolução francesa, a Revolução se apresentou desde sua origem como a inimiga mais forte do cristianismo; ela atacou a Igreja com uma fúria que relembrou as perseguições do paganismo; ela matou os bispos, massacrou os padres, os católicos; ela fechou ou destruiu as igrejas, dispersou as Ordens religiosas, arrastou na lama as cruzes e as relíquias dos Santos; a sua raiva se estendeu por toda a Europa...ela maculou todas as tradições, e num momento acreditou ter destruído o cristianismo, que ela com desprezo chamava de velha e fanática superstição.
Sobre todas essas ruínas, ela inaugurou um regime novo de leis ateias, de sociedades sem religião, de povos e de reis absolutamente independentes; passados sessenta anos, ela cresceu e se estendeu pelo mundo todo, por toda a parte destruindo a influência social da Igreja, pervertendo as inteligências, caluniando o clero, e destruindo pela base todo o edifício da fé.
Do ponto de vista religioso, a Revolução pode ser definida como a negação legal do reino de Jesus Cristo sobre a terra, a destruição social da Igreja. Combater a Revolução é, portanto, um ato de fé, um dever religioso de primeira importânci...a. Mais ainda, trata-se de um ato de boa cidadania e honestidade...é defender a pátria e a família . Se os partidos políticos honestos a combatem em seu ponto de vista, nós devemos, nós cristãos, combatê-la por um ponto de vista bem superior, na defesa daquilo que nos é mais importante do que a própria vida."
Continua...

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

MONSENHOR DE SÉGUR E A REVOLUÇÃO FRANCESA (II)

Capítulo I: Revolução, o que ela não é.

"A palavra revolução é uma palavra elástica da qual sempre se abusa com a intenção de seduzir os espíritos. Uma revolução, é uma modificação fundamental que se faz presente na moral, nas ciências, nas artes, ...nas letras, e, sobretudo, nas leis e no governo das sociedades. Seja na Religião ou na política, trata-se de um desenvolvimento completo, o triunfo completo de um princípio subversivo de toda a antiga ordem social. A mais das vezes, a palavra revolução é entendida num sentido errôneo; mesmo que tal sentido tenha escessão. Assim podemos dizer: " O Cristianismo fez uma grande revolução no mundo" e essa revolução foi muito feliz." Também é verdade dizer : " Neste ou naquele país estourou uma revolução que a todos condenou ao fogo e ao sangue". Uma revolução, sem dúvida, mas uma má revolução. Há uma diferença essencial entre " uma revolução" e o que, passado um século, chamamos de " "Revolução". Desde sempre houve revoluções nas sociedades humanas; há que distinguir a " Revolução" como um fenõmeno moderno e mesmo recente. Muitas pessoas imaginam, impressionadas pela imprensa, que é à "Revolução" que há mais de sessenta anos (SEMPRE LEMBRANDO QUE O TEXTO É DE 1862) a humanidade deve todo o seu bem estar; que à ela devemos todo nosso progresso na indústria, todo o nosso desenvolvimento no comércio, todas as invenções modernas das artes e das ciências; que sem ela não teríamos nem ferrovias, nem telégrafo, nem navios a vapor, nem máquinas, nem Exército, nem instrução, nem glória; numa palavra, que sem "a Revolução" tudo estaria perdido, e que o mundo recairia nas trevas. Mas, nada disso. Se a Revolução foi porventura ocasião de alguns desses progressos, não foi, no entanto, a causa. A comoção violenta por ela por ela impressa ao mundo inteiro precipitou, sem dúvida, alguns progressos de ordem material; mas essa mesma violência impediu a realização de muitos outros. Hoje e sempre a verdade é que a Revolução, considerada nela mesmo, não foi, propriamente falando, o princípio de qualquer progresso real. Também não foi, como tentam nos fazer acreditar, a libertação legítima dos oprimidos, a supressão dos abusos do passado, o amelhoramento e o progresso da humanidade, a difusão das luzes, a realização de todas as aspirações generosas dos povos e tal. Nos convenceremos, ao apreendermos a conhecê-la a fundo.
Ela não é tampouco o grande fato histórico e sangrento que remexeu com a França e mesmo com a Europa no final do século passado. Esse fato, seja em sua fase mais moderada, seja em seu período de excessos horrendos, foi apenas fruto de uma manifestação da Revolução, a qual é uma idéia, um princípio, muito mais do que um feito. É importante que essas coisas não sejam confundidas. O que é então a Revolução?


Continua...

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

MONSENHOR DE SÉGUR E A REVOLUÇÃO FRANCESA


Nascido em 1820, Luiz Gastão de Ségur, o Bom Gastão, filho da célebre Condessa, nascida Rostopchine, depois convertida ao Catolicismo, é uma figura injustamente esquecida em nossos dias. Sua mãe, a Condessa de Ségur, é ainda lembrada por seus admiráveis livros infanto-juvenis, quase todos traduzidos para o português. A... título meramente representativo, mencionaremos dois deles, As Férias e o Bom Diabrete. Se vc tem filhos, irmãos, sobrimos e primos a quem quer presentear, nada melhor do que lhes dar um livro da Condessa.
Mas e quem foi seu filho, Mgr. de Ségur? Um homem de influência considerável em seus dias. Dele pode se dizer que foi um dos grandes fundadores da escola contra revolucionária.
Em um pequeno livro, " A Revolução explicada aos jovens", publicado em 1862, sua crítica à Revolução não é de natureza política, mas, caracteristicamente, de cunho religioso.
Não é possívlel compreender o seu combate contra a Revolução sem referência ao seu itinerário espiritual. Desde a sua infãncia, foi membro da Ordem Terceira Franciscana. Nascido nas camadas mais altas da Aristocracia Francesa, foi destinado à uma importante carreira diplomática, que el começou em Roma, e interrompeu em razão de uma vocação maior. Rapidamente, o jovem padre de Ségur toma uma dimensão maior que se fará sempre maior. O veremos, vida a fora, desde a fundação do Seminário francês de Roma, da Associação Católica São Francisco de Salles (1857), depois, passada a Guerra de 1870, a União das Obras, os Congressos Eucarísticos, etc., sempre presente. A tristeza de ter ficado cego, em 1853, o afastou do episcopado. A própria cegueira, no entanto, lhe confere um papel excepcional. Ele será o " cachorro do pastor" do catolicismo francês lutando sem trégua contra os desvios espirituais tais quais o protestantismo, a franco-maçonaria, e o néo-galicanismo que enfraquecem a Igreja na França.
Assim sendo, ele investiu toda a sua energia de forma independente. Diretor de consciência de inúmeros filhos espirituais, confessor, animador, ele escreveu, ou melhor dizendo ditou inúmeras brochuras que conheceram um sucesso considerável. Personagem fora do comum, ele influenciou a opinião católica na França, a começar pelo meio operário. Orador infatigável, polemista talentoso, era visto combater por toda parte em todo canto aonde o Catolicismo precisava renascer, frente ao crescimento do racionalismo, à indiferença e a perseguição laicista. (...)
A seguir aqui vamos postar o trabalho de Mons. de Ségur sobre a Revolução Francesa.

Paulo Woolf

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

MATERIAL QUE INDIQUEI AO NOUGUÉ

Caro,
Fico feliz que tenham tido esse efeito, porque era exatamente o que buscávamos. Sem o mínimo de paz entre os espíritos, a discussão doutrinal tende a perder-se.
Pois bem, peço que, sim, se puder, me vá enviando todos os documentos, tanto os relativos ao século XIX quanto à atualidade. Eu os poderia procurar, mas entenda: além de eu não ser bom nas coisas da Internet, não estou bem de saúde; tive um infarto a menos de um mês e ainda não me sinto bem, além de esperar ainda o resultado de exames mais acurados. Saiba que toda esta intervenção minha neste assunto se fez à custa de mim mesmo. Não o digo para despertar nenhum sentimento, creia-me, por favor; mas apenas para pedir-lhe que me muna dos referidos documentos, o que me poupará esforços extras que não posso e não devo ter.
O senhor há de entender, ainda, que em benefício da ordem da própria série que escreverei (e que não começo agora mesmo por causa dos problemas referidos), só tratarei o caso dos Braganças na parte final. E repito: concluirei segundo o que me for dado ver, incluindo os documentos que me mande. Com respeito a coisas históricas e singulares como o são as políticas (coisas pois não necessárias, mas contingentes e acidentais no sentido aristotélico-tomista), é preciso ter o espírito aberto para uma multidão de dados. Tê-lo-ei, creia-me.
Agradeço também, e despeço-me em comunhão de orações.
Carlos Nougué

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AMICI
Tenho uma lista um 'Quê" de longa. E poucos serão os meios eletrônicos. Tentarei mandar "e-books" ou "links" de tais "e-books".
Há também ums lista excelente de livros sobre as propostas atuais do Reigme Monáriquico, e outras de propostas antigas, que influenciam os monarquiscas todavia.
Aí vai uma primeira saraivada:"Pode-se dizer que todo poder procede do povo?"Afirmar que todo poder procede do povo significa que nenhum poder tem outra procedência que ão seja o povo. E isso implica, como se depreende do ensinamento constante dos Papas, a negação de Deus enqaunto fonte primeira do poder." (Cap V, pág. 100)
Esse trecho é do Livro "Parlamentarismo Sim! Mas à brasileira, com monarca e Poder Moderador" de Armando Alexandre dos Santos. Esse livro foi praticamente o Catecismo político que Dom Luiz de O. e B. aprovou para a propaganda do Plebiscito de 93, o que fez ele merecer vitupérios perpétuos de seu primo liberal Dom Pedro Gastão, herdeiro ilegítimo pela renúncia do pai. Deste ramo saíram aquelas figuras que entraram em cena fazendo propaganda anti-Dom Luiz e e anti-dom Bertrand, uns dizendo que eram os legitimos herdeiros, e outros querendo que dom Antônio, irmão dos dois assumisse o trono na eventual restauração plebiscitária. No pano de fundo estava a crítica à essa página específica, Dom Luiz e dom Bertrand querem restaurar uma monarquia baseada na origem divina do poder, enquanto o dito Ramo de Petropólis queria uma monarquia liberal tipo holandesa.

Há também "O Poder Moderador" e "A Revolução Francesa e o Brasil" de João de Scantimburgo. Na questão democrática ele é um pouco maritainista e é blOndeliano então não posso garantir a ortodoxia das idéias dele. No entanto ele rejeita o Vaticano II. E utiliza muito o "Governo dos Príncipes." Nunca vi nenhuma recomendação dele nos círculos católocos-monarquistas... aliás, nem pelos monarquistas meramente políticos, que os há de toda espécie... embora os liberais em sua maioria apoiem o Dom Joãozinho... que é do ramo ilegitimo e republicano de Petrópolis.
Vou mandando indicações de livros conforme consiga.

Sobre a "Questão Religiosa", e na verdade, desvinculando o fechamento dos noviciados da "Questão..." temos "Nabuco de Araújo: Um Estadista no Império" de Joaquim Nabuco, seu filho, nesse livro Joaquim Nabuco conta todos os méritos do pai, que mereceu condecoração de Pio IX e S. Pio X, em defender Dom Vital. MAs o mais espantoso nese livro é como Dom Antônio Macedo e Costa e NAbuco de Araújo, com Pedro II e o papa Pio IX fecharam os noviciados no Brasil jsutamente porque as Ordens Religiosas estavam totalmente decaídas, pululavam de maçons (especialmente os carmelitas), os beneditinos tinham escravas, e as franciscanas escravos... os noviciados foram fechados pela Igreja e pelo Estado, e juntos eles programaram sua reabertura com um plano detalhado na aplicação dos bens apreendidos trazendo superiores e mestres de noviço da França e da Alemanha. Neste livro está toda a correpondência do Bispo do Pará e do Senador orquestrando o plano de restauração da vida religiosa.
Sobre Dom Pedro II, tem "Revivendo o Brasil Império" de Leopoldo Bibiano Xavier, É um apanhado de anedotas históricas, mas nele há uma interessante disputa teologica entre Dom Pedro II e um reitor de seminário, onde de fato Dom Pedro II, demonstra um pensamento deturpado sobre as questões religiosas e políticas, as questões mistas... na qual ele acreditava ter proeminência... mas mesmo não entendendo, ou não aceitando, ele resolveu daquela hora em diante, não mais se pronunciar no assunto se sua posição contrariava a Doutrina da Igreja. Há muita soutras anedotas interessantes, especialmente, a mais impressionante, a que ele rejeita conferir o título de Bacharelado a um estudante de Direito porque o dito estudante não soube responder uma questão de catecismo... o imperador indagou: "De que te adianta saber as leis dos homens se ignoras as de Deus?" Era sem dúvida alguém com péssima formação e péssimas convicções políticas... mas com um coração totalmente submisso aos Dogmas e piedoso, como se depreende do Diário da Peregrinação à Terra Santa.

Com o tempo lhe mando mais indicações de material.
Salve Maria.

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Muitíssimo obrigado. Lerei todos, detidamente, se os conseguir. Vá mandando, vá mandando. Sou leitor bem rápido, e, como me tenho de deslocar por todo o Brasil para dar aula, passo as viagens lendo.

Em Cristo,

Carlos

E, sim, vou imprimir já o que já me mandou. Abraço agradecido.

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Continuando a cessão de material:

Aqui está o trecho da Constituição vigente que entrava e nos força a admitir a manutenção da Federação:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm

O Art. 60, § 4º, III - Proíbe expressamente toda proposta de abolir a forma federativa. Como isso não é essencial ao movimento monárquico, dom Luiz aprovou o programa do Pró-Monarquia, com a proposta de mantê-la.

Existe também a Lei de Segurança Nacional, Lei 7170 de 14 de dezembro de 1983. Que considera até crime participar de organizações que proponham a abolição do sistema vigente.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7170.htm

Em suma, há certas coisas que temos que tolerar para manter o movimento monárquico na legalidade. Mandei essas duas leis, porque é nesse sentido que o "Parlamentarismo, Sim!" do Armando Alexandre dos Santos deve ser interpretado, embora acrdito que ele cite os motivos para o moviemnto se calar em certas matérias. MAs, o senhor, como deve saber por ter lido Santo Tomás, entende que quando uma lei contraria a lei natural pode ser obedecida para manter a ordem. Nunca é calro quando desobedece a Lei Divina. Além do que, pelo que depreendi de outros estudos a Federação seria até interessante por tornar a Monarquia um sitema Temperado, como as monarquias medievais. Mas, me aprece que os Príncipes apenas a toleram, não pensam efetivamente nela desta forma, preferindo focar na "municipalidade", tese portuguesa de António Sardinha em conformidade com as tradições lusitanas... e creio, que como herdeiros do Império Português, algo que bem assentaria no Brasil
Sobre Dom Pedro IDiscursos, de Brasiliano Machado - Político que recebeu de são Pio X o título hereditário de Barão Pontifício e ante disso de Leão XIII, a comenda da Cruz "Pro Ecclesia et pro Pontifice". Nesse livro ele reúne textos de Dom Pedro I, entre eles o discurso do dia 10 de novembro de 1826, a criação da Bandeira e simultaneamente da Consagração do Brasil à Nossa Senhora Aparecida.

A obra 1822 de Laurentino Gomes é liberal e zomba de tudo que era bom no Império de Dom Pedro I. MAs é um resumo interessante e fiel Às fontes, apesar disso. Mostra por exemplo, todos os maçons que foram condenados à morte por dom Pedro I, incluindo, os que fugiram de Portugal quando Dom João VI retomou o poder absoluto. Ali ele cita que a cabeça do maçom que exilou sua mãe Dona Carlota e Dom Miguel, seu irmão, durante o governo constitucional, foi mandada de presente à sua mãe. Se baseia muito numa outra mais detalhada e melhor:

A Vida de Dom Pedro I, de Octávio Tarquínio de Sousa,

Tem também um artigo interessante de um maçom, Pedro Neves, que é um tratado de ódio à D. Pedro I, que fica bem claro só se exerce entre os maçons mais empedernidos, os do círculo de dentro, como diz Chesterton, em o Homem que foi Quinta-Feira:http://www.pedroneves.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=3205783
Parece-me que os maçonzinhos de quinta, os de nem cheiram nem fede, é que ficam deslumbrados quando se diz que dom Pedro foi maçom, [conheci um desses 'inocentes úteis' da maçonaria, que queria que o Latim fosse ensinado nas escolas e o tomismo ensinado nas Faculdades de Filosofia e Direito], e esses maçonzinhos de queinta até viram monarquistas (embora geralmente, adiram ao Ramo iberal de Petrópolis e não a dom Luiz). Já os maçons dos altos escalões, esses são como o Pedro Neves aí em cima.

QUESTÃO RELIGIOSA

A Constituição do Império, está disponível no monarquia.org (que não é lá o melhor site, aliás, há poucos com orientação 100% católica tradicional). Mas o texto aqui está na íntegra, ao contrário do texto do Planalto, que está sem o prefácio de Dom Pedro I:
http://www.monarquia.org.br/NOVO/obrasilimperial/constituicaoimperial.html
Ela começa bem diferente das constiuições modernas, até das melhores como a atual húngara, nela o Imperador diz:"Em nome da Santíssima Trindade"
Isso é um claro reconhecimento da Origem divina do Poder, e especificação clara de qual Deus tutela a pátria. Não a expressão vaga de 'colocamo-nos sob a proteção de Deus" sem dizer qual, nem reconhecer que ele deva governar ou que seja ele a origem do poder do Estado. Ess aé uma das linhas gerais da Constiuição Imperial. Mas chamo atenção especial pors art. 5º, e todos os outros em que O Regente deveria jurar fidelidade e defender a Religião Católica. O imperador antes de ser coroado, todos os membros do senado, da câmara dos deputados e todos os políticos. Essa é uma das linhas gerais que serão restauradas pelas propostas de Dom Luiz e Dom Bertrand, e por D. Atônio.
Sobre o Padroado como um todo, nessa constuição, não encontrei ainda nenhum documento papal desabonando-o. Embora Dom Antônio de Macedo e Costa dele não gostasse... mas se meu amigo Fernando permitir, te passo o projeto de TCC em História dele, no qual ele trata o padroado no Brasil. Com certeza ele tem fontes fiáveis para estudá-lo. Uma coisa interessante seria estudar o padroado emt odas suas formas desde a Concordata de Worms. De fato, o Império Austro-húngaro tinha direito à veto na eleição do papa, o mperador do sacro-Império tinha direito a veto às Bulas papais, e muitos reis e imperadores direito à veto ou indicação dos bispos de seu país. Carlos II, da Espanha e V do Sacro-Império, vetou a Sublimus Dei e a Veritas Ipsa de Paulo III que proibiam a escravidão e excomungariam. Muito se fala do silêncio do imperador Dom Pedro II e que ele rejeitou o placet às ordens de Pio IX, mas, temos que pesquisar bem não só a história mas como funcionava o paroado para saber quais meios o imperador dispunha em dar esse placet (que nem negou nem confirmou), e como ele poderia fazer isso sem arriscar o trono (visto que o Chefe do Governo era o Visconde de Rio Branco, grão-mestre da maçonaria, e por ter este cargo estava dotado do poder de depôr o Imperador), na tese de TCC do meu amigo tem informações maiores sore isso. Sobre as votações que ocorreram no senado e na câmara dos deputados para julgar se Dom Vital e Dom Macedo deviam ser julgados, se tinha memso coemtido um ilícito em aplicar uma ordem sem placet, até uma votação proposta por Dom Pedro para julgar se a Lei do Placet era constitucional ou não. Sim. considero que ele errou com os bipos... mas por não ter feito tudo que podia... coube à Princesa Isabel e ao Duque de Caxias manobrar a política, derrubar Paranhos e libertar os bispos. Outra fato, interessante... Depois da Questão Religiosa, dom Pedro concedeu a Dom Macedo o título de Conde de Belém, e do papa Pio IX, recebeu a grã-Cruz de Cavaleiro do Santo Sepulcro. são coisas a se considerar para não cometer juízo temerário, nem julgar um homem, um governo, por um único erro.Sobre o Fim do Império
Conferências Anchietanas - Obra conjunta de Eduardo Prado, Brasilio Machado e Joaquim Nabuco.

A Ilusão Americana - Eduardo Prado. Desfaz a msitificação do presidencialismo e rebate item a item os erros da república nascente.

A Revolta da Armada - Joaquim Nabuco. Conta como a Marinha Brasileira tentou derrubar o Floriano Peixoto e restaurar a Monarquia, com auxílio dos Espanhóis. E como Floriano malogrou seu intento com auxílio dos yankees.

Os Sertões - Euclides da Cunha. Passou pra histórica como ficção literária sobre o movimento messiânico de um doido, mas é um trabalho eminentemente jornalístico, que relata o que Euclies da Cunha chamou de "Nossa Vendeia". Há umas teses recentes de historiadores desmitificando Canudos, que posso apontar também.
Sobre o Movimento Monárquico
Tenho pouca coisa do início. Procure por Sebastião Pagano, fundador do Diretório Monárquico, e súdito sempre fiel da Princesa Isabel, nossa Isabel, a Católica.

Procure também, Arlindo Veiga dos Santos, é que dele só tenho uma tese de doutorado em História de Teresa Malatian, que não está disponível no mercado. Só existem duas cópias, a original com a autora, e a que ficou na bancada e foi encontrada por um amigo que comprou, e da qual xeroquei. Mas o movimento Patrionovista era muito interessante e fundado com inspiração no Integralismo Lusitano. Era realmente oque havia de melhor, com proposta eficientes de estabelecer o Regime do Pai cm Corporações de Ofício, Corpor Intermédios, Nobreza Hereditária, e claro, União entre Igreja e Estado e abolição de todas as aparências liberais do Império. Tiveram um certo apoio de Dom Pedro Henrique, pai de Dom Luis. Esse Arlindo Veiga, traduziu o "Regime do Príncipe" de Santo Tomás. E até hoje, seu trabalho é a única tradução nacional desta obra incrível do Doutor Angélico.

No site abaixo tem livros interessantissimos, e outros liberais,http://www.majestatis.com.br/livros.html

os mais interessntes para um histórico do movimnto monárquico são:
Dom Pedro Henrique, o Conestável das Saudades e da Esperança
Armando Alexandre dos Santos

Dom Luís de Orléans e Bragança
Peregrino de impérios
Teresa Malatian

Nos próximos mandarei vídeos de conferências e material sobre Dom Luiz e Dom Bertrand.
SM.
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Gratíssimo, uma vez mais.

E um esclarecimento: segundo S. Tomás, uma lei positiva humana que fira a lei natural não pode ser aceita. Em certos casos, nos que forem contra os princípios da lei natural, deve ser desobedecida e atacada publicamente. Em outros casos, nos que forem apenas contra itens secudários (conquanto importantes) da lei natural, nunca se deve aceitá-la em foro íntimo, embora possamos aceitá-la publicamente em prol da paz social.

Abraço.


Carlos

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Corrigindo o que escrevi:

E um esclarecimento: segundo S. Tomás, uma lei positiva humana que fira a lei natural não pode ser aceita. Quando tal lei não for contra os princípios mesmos da lei natural, deve ser desobedecida e atacada publicamente. Quando for apenas contra itens secudários (conquanto sempre importantes) da lei natural, nunca se deve aceitá-la em foro íntimo, embora possamos CALAR COM RESPEITO A ELA E CUMPRI-LA publicamente em prol da paz social.

Mas não creio que em si o federalismo implique infração à lei natural. Tampouco o parlamento. Mas a fere, sim, o sufrágio universal.

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Sem exemplos fica difícil entender. Eu confundi então o postulado de Santo Tomás. O "Governo do Prícnipe" traduzido pelo Arlindo Veiga está na minha lsita de material para aquirir e difundir nos círculos monárquicos, mormente os católicos.
Me parece que os príncipes tratam assim o federalismo, calam, apenas por que objetivamente é secundário. Mas, pelo pouco que entendo de federações e confederações, o sitema é antigo, não chega a ser revolucionário, dependendo de como se instaure e como funcione. Nossa Federação funcionaria como os antigos Fueros de Espanha submissa a um poder central, mas autónoma.

Mas, já que estamaos aqui, parte final das indicações

Há dois manifestos interessantes de Dom Luiz, filho da Princesa Isabel:http://imperiobrasileiro-rs.blogspot.com/p/dom-luiz-de-orleans-e-braganca-o_16.html

VIDEOS DE ENTREVISTAS E PRONUNCIAMENTOS
Dom Antônio de Orleans e Bragança:
Esta entrevista gerou rebuliços e ódios frementes, porque Dom Antônio disse que "Não há melhor constituição que os 10 mandamentos!":
Iº Partehttp://www.youtube.com/watch?v=blHI1zkr6to
II º Partehttp://www.youtube.com/watch?v=RNgvvfF9ucU
IIIº Partehttp://www.youtube.com/watch?v=6xaCe441VVc
IVº Partehttp://www.youtube.com/watch?v=KGFIabTM588&feature=related
Vº Partehttp://www.youtube.com/watch?v=YIR026Oe-dM&feature=related
VIºPartehttp://www.youtube.com/watch?v=6iXfSJuFbik&feature=related
Finalhttp://www.youtube.com/watch?v=2cusYOz7cjY&feature=related

Dom Luiz de Orleans e Bragança.Sobre o programa Monarquia 21http://www.youtube.com/watch?v=p06csjYLsLs&feature=results_video&playnext=1&list=PLE0A8B0224FF3C5A1
O programa da Juventude Monárquica de 1995 tá difícil de encontrar... assim que conseguir passo. Nele Dom Luiz reconhece que é impossível a União entre Igreja e Estado enquanto a Igrjea estiver em crise.
Dom Bertrandhttp://www.youtube.com/watch?v=Std-zB6jSkY&feature=related
Sobre o monarquia21http://www.ipco.org.br/home/noticias/veja-o-video-do-painel-a-catolicidade-da-princesa-isabel-vista-por-um-bisneto
Neste ele defende a União entre Igreja e Estado.http://www.youtube.com/watch?v=GfJBbTyJb3s
Contra o MST, o aborto e PNDH-3 e a PLC122http://www.youtube.com/watch?v=5xWeF1s7Vrc
Contra MSThttp://www.youtube.com/watch?v=hoz6D88udfE
Sobre o aborto. http://www.youtube.com/watch?v=fXJXBMZB1OI
O final é o mais anti-liberal possível: "Uma sociedade só dará certo com a união do Estado com a Igreja."
As apoiadas por elesCoronel Paes de Lira, último parlamentar a contrariar os planos da Vanucchi:http://www.ipco.org.br/home/noticias/assista-ao-vivo-a-palestra-sobre-ideologia-de-genero-uma-arma-psicologica-contra-a-familia


Acho que é só... pelo menos a parcela de tudo que vi, li e ouvi... pra chegar às conclusões que cheguei.

SM

Luiz Cordeiro Mergulhão Silva
"Se eu avançar, segui-me. Se eu morrer, vingai-me. Se eu recuar, matai-me." (Henri de La Rochejacquelain)

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Gratíssimo pelo novo envio.

Exemplo: nem sequer um médico sob as ordens de um hospital e sob o amparo de uma lei positiva (iníqua) pode paraticar um aborto ou cometer eutanásia. Proceder de outro modo sria ferir um dos princípios da lei natural. Mas não só podemos como devemos pagar o imposto de renda, embora ele seja iníquo do ponto de vista da justiça distributiva -- porque não atinge um ponto central da lei natural.

Grato e abraço.

Carlos
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Tenho que parar com as citações avulsas (de memória)... mas, ultimamente, pensando melhor, e embora percebendo que existe entre os príncipes um certo preconceito com a federação, a ponto deles apenas a tolerarem, porque a Lei a isso obriga todo brasileiro, penso que, a Federação não fere a Lei Natural, é apenas um modo administrativo jus-positivo, que sempre funcionou na Suiça, e analogamente na Espanha desde de unificação. Não recordo se o Arlindo Veiga dos Santos defendia o federalismo, como um dos meios de restaurar o império sob uma ótica mais católica, e portanto dentro do que o João de Scantimburgo chama de evolução natural da nossa monarquia em direção às instituições lusitanas tradicionais (O Poder Moderador colocava o monarca acima dos demais poderes e como árbiro supremo da nação, deveria jurar fidelidade e proteção à Igreja [art. 107 da Constituição Imperial], deveria ser sagrado e coroado pelo Bispo da capital, e com a criação do parlamentarismo em 1850, justamente pela proeminência que o Imperador tinha sobre o parlamento, em virtude do Poder Moderador, nosso parlamento, embora tivesse o nome, funcionava mais cmo as Cortes do Antigo Regime português do que como um parlamento liberal). Sei no entanto que o Arlindo e os patrionovistas, postulavam a autonomia das corporações de ofício e dos municipios como este meio para tornar nossa monarquia constitucional o mais próxima possível da monarquia temperada lusitana medieval. O Scamtimburgo, por mais que admita a tese de que nossa monarquia evoluia pouco a pouco (e com todo o cuidado, estávamos no sécuo XIX, cercados de republiquetas maçônicas, aliás, num mundo cada dia mais maçônico e liberal) nesse sentido, é muito pessimista quanto à Causa da Restauração. Esqueci de indicar também o livro "Estudos de Direito" de Tobias Barreto. É um livro péssimo. E por isso mesmo indico. Serve para demosntrar que ideologia estava por trás da república e da extinção do poder moderador. Tobias Barreto dedica umas 30 páginas para zombar do poder moderador e da união entre a Igreja e o Estado.

Estou tentanto achar o discurso, ou exortação por carta, de Dom Luiz à Juventude Monárquica em 1995, salvo engano. Poderia jurar que a tinha no PC, ou no blog, mas enganei-me. Este apela aos jovens é muito improtante para percebermos que a proposta dos príncipes se afasta em muitos pontos do liberalismo... tanto quanto se possa. Afinal, temos que lembrar que Onu, Unesco, Unicef, OIT e todas essas organizações estão de olho sobre toda proposta que não lhes agrada, e política externa com esses caras, numa restauração, deve ser formulada com toda diplomacia possível... enfim, assim que encontrar o discurso, ou carta, eu te mando.

Bom, o exemplo do aborto é mais pungente... e contrário à Lei Divina também. Aliás um dos motivos de eu apoiar os Bragança de hoje e de ontem. Uma constituição que declare o Estado Confessional Católico (e não vagamente cristão), ainda que com tolerância aos cultos que já estão grassados, é uma evolução diante do mundo liberal, e a unção por um arcebispo então (atualmente só o Rei Letsie III, do Lesotho é ungido por um bispo católico). Um Poder Moderador capaz de vetar as decisões do STF (pró-aborto eugénico de anencéfalos e pró união homossexual), que consagre a família tradicional em cláusula pétrea e ilegalize as atividades do MST, destruindo o princípio de 'função social da propriedade', pra mim, é um bem evidente. Nesse sentido o "Parlamentarismo, Sim!" é o melhor livro sobre propostas do movimento monárquico. E o programa patrionovista o segundo passo dos católicos, após o estabelecimento das propostas acima, em resumo, utilizar os sindicatos tal qual previstos na OIT, mas infiltrar-se neles, colocando-lhes dirigentes católicos, ou com bons idéarios ao menos, de forma a tirá-los da orientação comunista em que foram direcionados desde o século XIX, e transformá-los pouco a pouco, funcionalmente, em corporações de ofício (penso às vezes que essa era a ideologista dos falangistas e fascistas... mas não é bom espalhar a notícia).

SM.

Luiz Cordeiro Mergulhão Silva
"Se eu avançar, segui-me. Se eu morrer, vingai-me. Se eu recuar, matai-me." (Henri de La Rochejacquelain)
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Caro,

Grato por todas as explicações.

Mas o que entende por Lei Divina? Se se trarta da Lei Eterna, ninguém a conhece in totum. É a lei geral de Deus segundo a qual Ele governa o universo mediante sua Providência. O que se pode conhecer como partes da Lei Eterna é o seguinte:

a) a Lei Natural, cujos princípios alcançamos, antes de tudo, mediante o habitus da sindérese, mas também pelas conclusões da ciência ética ou moral;

b) A Lei Divina Positiva, que é dada por Revelação (e que se divide em Lei Antiga e Lei Nova, esta definitiva).

Se insisto neste tema, é porque sei que há grande confusão entre Lei Eterna e Lei Divina Positiva. O aborto é, antes de tudo, contra a Lei Natural. Por isso é que até não católicos (protestantes, alguns poucos ateus, etc.) podem ser contra ele. É verdade que a Lei Antiga, mediante a tábua dos Mandamentos, incopora no mandamento "não matar" o aborto; temos neste caso a parte da Lei Antiga que não foi revogada pela Lei Nova. Nem o poderia, exatamente porque se o fizesse iria contra a Lei Natural.

Abraço.

Carlos

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No texto em questão estava me referindo à Lei Divina Positiva (a Antiga Lei, que nos seus princípios morais permanece vigente, embora nos cerimoniais não. Pelo menos é isso que me lembro da Summa). No final das contas Lei Natural é a participação da criatura na Lei Eterna. Salvo engano.
Agora, preciso rever aquele trecho sobre desobediência às leis positivas... juraria, que qualquer medida positiva que contrariasse a lei natural, poderia ser obedecida externamente para salvaguardar a ordem, e só devia ser desobedecida se contrariasse a Lei Divina Positiva. Me confundi nesse aspecto. [:P]

Encontrei mais material. Agora, por hora, é o fim.
Palestra de Dom Bertrand sobre Nossa Senhora de Fátima
Parte 1http://www.youtube.com/watch?v=lcvER60XjCU

Parte 2http://www.youtube.com/watch?v=gZsj7y7wJZM
Parte 3http://www.youtube.com/watch?v=Y1lTOA49Gbk&feature=youtu.be
Parte 4http://www.youtube.com/watch?v=T5ozFR7lXXw&feature=related

E finalmente encontrei o documento que faltava:
Trata-se de Livro, prefaciado por Dom Luiz, do mesmo autor de Parlamentarismo, Sim! O dr. Armando Alexandre dos Santos: "Ser ou não ser MONARQUISTA- Eis a questão!"
" No Império brasileiro, respeitando o fato de a imensa maioria da população brasileira ser católica, a Religião Católica era oficialmente a religião de Estado. Agora, pergunta-se, deve ser assim ou não deve ser assim?Pela doutrina católica, que é professada pela imensa maioria dos brasileiros-e pelos princípios democráticos a legislação não deve ofender as consciências da maioria-o Estado, em princípio, deve ser unido á Igreja. Entretanto, no caso concreto atual, dadas as circunstãncias do Brasil, seria impensável essa união. Inclusive por uma razão: é que o Estado está em crise, mas a Igreja está, infelizmente, numa crise ainda muito pior, e unir a Igreja ao Estado, hoje em dia, seria fazer com que se multiplicassem as as duas crises, seria quase um suicídio. De maneira que na monarquia de 1993 o problema nem se põe: uma união da Igreja e do Estado seria impensável sem toda uma reforma a começar pela Igreja." (pág. 90)
Tem as propostas da Juventude Monárquica, também aprovadas por ele:
O documento intitulado "Linhas gerais da organização política da Monarquia brasileira no limiar do Terceiro Milênio da Era Cristã- uma proposta da Juventude Monárquica do Brasil", aprovado em Assembléia geral extraordinária da Juventude Monárquica, em 5 de novembro de 1988, apresenta a questão de forma sucinta e clara:
"8. Uma forma de união da Igreja e do Estado, em princípio desejável, não deveria ser feita antes de amplas tratativas e eventual concordata com a Santa Sé, a fim de garantir ao novo Império brasileiro que não fosse afetado pela profunda crise hoje infelizmente generalizada nos meios católicos".

Luiz Cordeiro Mergulhão Silva
"Se eu avançar, segui-me. Se eu morrer, vingai-me. Se eu recuar, matai-me." (Henri de La Rochejacquelain)
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Antes de tudo, gratíssimo outra vez. Quanto ao resto, respondo no corpo de seu e-mail. Abraço.
No texto em questão estava me referindo à Lei Divina Positiva (a Antiga Lei, que nos seus princípios morais permanece vigente, embora nos cerimoniais não. Pelo menos é isso que me lembro da Summa). No final das contas Lei Natural é a participação da criatura na Lei Eterna. Salvo engano.
CORRETÍSSIMO TUDO.

Agora, preciso rever aquele trecho sobre desobediência às leis positivas... juraria, que qualquer medida positiva que contrariasse a lei natural, poderia ser obedecida externamente para salvaguardar a ordem, e só devia ser desobedecida se contrariasse a Lei Divina Positiva. Me confundi nesse aspecto. [:P]
SIM, QUANTO A ISTO, CREIO QUE TEM DE REVÊ-LO.

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Salve Maria!

Como pude esquecer de João Camilo de Oliveira Torres. Maior historiador do Império.

- História do Império - Livro paradidático das escolas públicas, tem ponderações interessantíssimas sobre a Independência, Scantimburgo trás em "O Poder Moderador" á transcrição do Manifesto de 6 de Abril às Nações Amigs de Portugal, em que o Príncipe Regente da as razões, fundadas em ordem direta do pai, para se opôr aos liberais de Lisboa, e declarar a Indepndência;
- Democracia Coroada. - Muitas informações sobre o Partido Conservador e o papel deles na derrubada da Regência e a dissolução do Ministério Liberal por Dom Pedro II. É interessante também ponderar a história do Império conjuntamente com as revoluções que ele teve que enfrentar, das quais saiu derrotado em duas (A dos 33 Orientais, maçons que 'libertaram' a província Cisplatina [com o que eu sempre brinco com a Virgínia, sua cunhada]; as três revoluções Bahianas; as quatro Pernambucanas; a farroupilha, que teve apoio de Garibaldi, em 20 de setembro, mesma data que o memso Garibaldi e o Mazzini derrubaram os Estados Pontifícios; uma tentativa de proclamar a República em Minas em 14 de Julho de 1889 [centenário da Bastilha], e a proclamação da república à la Americana). Todas essas revoluções tendo em comum um aspecto, federalismo, república e envolvimento de maçons... houve uma no Rio de Janeiro também, mas foi em apoio a Feijó e contra Bernardo de Vasconcellos e o recém-fundado Partido Conservador... o que culminou na Maioridade do Imperador, que aos seus 14 anos, derrubou o ministério liberal que o emancipara.
- História das Idéias Religiosas no Brasil - A questão religiosa é muito bem explanada aqui. Mas... ele escreveu na época do Concílio... ergo... e não me recordo dele citar a correpondência entre Nabuco de Araújo e o Bispo Dom Antônio Macedo e Costa;
- História das Idéias Revolucionárias no Brasil - É importante. E João de Scantimburgo também trata do tema no "Brasil e a Revolução Francesa.
Acredito que agora sim. Acabamos... Se é que em pesquisa histórica dá para chegar a um termo. Cito por exemplo a Bandeira Imperial que todos acrditavam inspirada na maçonaria... e feita por Dom Pedro I, até que encontraram um projeto de Debret encomendado por Dom João VI, sete anos mais velho que nossa independência.
Sem mais,

Luiz Cordeiro Mergulhão Silva
"Se eu avançar, segui-me. Se eu morrer, vingai-me. Se eu recuar, matai-me." (Henri de La Rochejacquelain)
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Caro,

Devidamente anotados.

Gratíssimo.

Carlos

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Nougué.
O Sr. não se incomodaria se feitas as devidas adaptações, eu postasse no Blog, o corpo dos textos que comentei nos nossos últimos e-mails?

Luiz Cordeiro Mergulhão Silva
"Se eu avançar, segui-me. Se eu morrer, vingai-me. Se eu recuar, matai-me." (Henri de La Rochejacquelain)

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É claro que não, meu caro. Pode fazê-lo tranquilamente.

Um abraço e fique com Deus.

Carlos