sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

MONSENHOR DE SÉGUR E A REVOLUÇÃO FRANCESA (II)

Capítulo I: Revolução, o que ela não é.

"A palavra revolução é uma palavra elástica da qual sempre se abusa com a intenção de seduzir os espíritos. Uma revolução, é uma modificação fundamental que se faz presente na moral, nas ciências, nas artes, ...nas letras, e, sobretudo, nas leis e no governo das sociedades. Seja na Religião ou na política, trata-se de um desenvolvimento completo, o triunfo completo de um princípio subversivo de toda a antiga ordem social. A mais das vezes, a palavra revolução é entendida num sentido errôneo; mesmo que tal sentido tenha escessão. Assim podemos dizer: " O Cristianismo fez uma grande revolução no mundo" e essa revolução foi muito feliz." Também é verdade dizer : " Neste ou naquele país estourou uma revolução que a todos condenou ao fogo e ao sangue". Uma revolução, sem dúvida, mas uma má revolução. Há uma diferença essencial entre " uma revolução" e o que, passado um século, chamamos de " "Revolução". Desde sempre houve revoluções nas sociedades humanas; há que distinguir a " Revolução" como um fenõmeno moderno e mesmo recente. Muitas pessoas imaginam, impressionadas pela imprensa, que é à "Revolução" que há mais de sessenta anos (SEMPRE LEMBRANDO QUE O TEXTO É DE 1862) a humanidade deve todo o seu bem estar; que à ela devemos todo nosso progresso na indústria, todo o nosso desenvolvimento no comércio, todas as invenções modernas das artes e das ciências; que sem ela não teríamos nem ferrovias, nem telégrafo, nem navios a vapor, nem máquinas, nem Exército, nem instrução, nem glória; numa palavra, que sem "a Revolução" tudo estaria perdido, e que o mundo recairia nas trevas. Mas, nada disso. Se a Revolução foi porventura ocasião de alguns desses progressos, não foi, no entanto, a causa. A comoção violenta por ela por ela impressa ao mundo inteiro precipitou, sem dúvida, alguns progressos de ordem material; mas essa mesma violência impediu a realização de muitos outros. Hoje e sempre a verdade é que a Revolução, considerada nela mesmo, não foi, propriamente falando, o princípio de qualquer progresso real. Também não foi, como tentam nos fazer acreditar, a libertação legítima dos oprimidos, a supressão dos abusos do passado, o amelhoramento e o progresso da humanidade, a difusão das luzes, a realização de todas as aspirações generosas dos povos e tal. Nos convenceremos, ao apreendermos a conhecê-la a fundo.
Ela não é tampouco o grande fato histórico e sangrento que remexeu com a França e mesmo com a Europa no final do século passado. Esse fato, seja em sua fase mais moderada, seja em seu período de excessos horrendos, foi apenas fruto de uma manifestação da Revolução, a qual é uma idéia, um princípio, muito mais do que um feito. É importante que essas coisas não sejam confundidas. O que é então a Revolução?


Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário