sábado, 4 de fevereiro de 2012

MONSENHOR DE SÉGUR E A REVOLUÇÃO FRANCESA (III)

Capítulo II: O que é a Revolução e de como ela é uma questão religiosa, não menos que política e social

Revolução não é uma questão puramente política; é também uma questão religiosa, e é tão somente por esse ponto de vista que escrevo aqui. A Revolução não é somente uma questão religiosa, mas é a grande questão religiosa de nosso século. Para nos convencermos, basta refletir e precisar.
Entendida em seu sentido mais genérico, a Revolução é a revolta erigida em princípio e em direito. Não é apenas o fato da revolta; em todos os tempos houve revoltas; é o princípio da revolta tornando-se a regra prática e o fundamento das so...ciedades; é a negação sistemática da autoridade legítima; é a teoria da revolta, é a APOLOGIA E O ORGULHO DA REVOLTA, a consagração legal do princípio mesmo de toda revolta. Não é também a revolta do indivíduo contra o seu legítimo superior, revolta simplesmente chamada de desobediência; mas é a revolta da sociedade enquanto sociedade...O caráter da Revolução é essencialmente social e não individual.
Há três graus na Revolução: 1º A destruição da Igreja, como autoridade e sociedade religiosa, protetora de outras autoridades; neste primeiro degrau, que nos interessa diretamente, a Revolução é a negação da Igreja ereta em princípio e formulada em direito; a separação da Igreja e do Estado com o objetivo de descobrir a Igreja e de lhe retirar seu apoio fundamental; ‎2º A destruição dos tronos e da autoridade política legítima, consequência inevitável da destruição da autoridade católica. Essa destruição é a última palavra do princípio revolucionário da democracia moderna e do que hoje se chama de sobe...rania do povo; 3º A destruição da sociedade, a saber da organização por ela recebida de Deus; em outros termos, a destruição dos direitos da família e da propriedade, para o benefício de uma abstração a quem os doutores revolucionários denominam de Estado. É o " socialismo", mais recente palavra da Revolução perfeita, última revolta, destruição do último direito. Nesse grau, a Revolução é, ou melhor dizendo será, a total destruição da ordem divina sobre a terra, o perfeito reino de Satã sobre o mundo, precisamente formulada pela primeira vez por JJ Rousseau, depois em 89 e 93 pela revolução francesa, a Revolução se apresentou desde sua origem como a inimiga mais forte do cristianismo; ela atacou a Igreja com uma fúria que relembrou as perseguições do paganismo; ela matou os bispos, massacrou os padres, os católicos; ela fechou ou destruiu as igrejas, dispersou as Ordens religiosas, arrastou na lama as cruzes e as relíquias dos Santos; a sua raiva se estendeu por toda a Europa...ela maculou todas as tradições, e num momento acreditou ter destruído o cristianismo, que ela com desprezo chamava de velha e fanática superstição.
Sobre todas essas ruínas, ela inaugurou um regime novo de leis ateias, de sociedades sem religião, de povos e de reis absolutamente independentes; passados sessenta anos, ela cresceu e se estendeu pelo mundo todo, por toda a parte destruindo a influência social da Igreja, pervertendo as inteligências, caluniando o clero, e destruindo pela base todo o edifício da fé.
Do ponto de vista religioso, a Revolução pode ser definida como a negação legal do reino de Jesus Cristo sobre a terra, a destruição social da Igreja. Combater a Revolução é, portanto, um ato de fé, um dever religioso de primeira importânci...a. Mais ainda, trata-se de um ato de boa cidadania e honestidade...é defender a pátria e a família . Se os partidos políticos honestos a combatem em seu ponto de vista, nós devemos, nós cristãos, combatê-la por um ponto de vista bem superior, na defesa daquilo que nos é mais importante do que a própria vida."
Continua...

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