sábado, 31 de dezembro de 2011

O ERRO DO IBERISMO



Pretendo divulgar aqui umas notas de Mário Saraiva sobre o erro do iberismo, publicadas em Lisboa,  2ª edição, em 1972, em Cadernos-Pensamento Político. A razão dessa divulgação é que o erro do iberismo começa a grassar em nosso pais divulgado por pseudo-tomistas.  Vejamos então do que se trata:

 "Temos na nossa frente o livro 'Fédération Ibérique', escrito em 1892, da autoria de Magalhães Lima, antigo grão-mestre da Maçonaria e director de 'O SÉCULO.'
"Traduzimos à letra, da 3ª página do Prefácio, o trecho que se segue:
"'- Eis o que eu preconizo. Republicano convicto, concentro os meus esforços para chegar à República portuguesa e em seguida a uma Federação entre a Espanha e Portugal. A República proclamada nestes dois países terá como consequencia a Federação Ibérica.'
"Mais umas passagens fundamentais do livro de Magalhães Lima:
"A págs. 145 lê-se:
"' - Ofundador do partido republicano português era um federalista.
'O verdadeiro fundador das doutrinas republicanas em Portugal foi José Félix Henriques Nogueira. Sobre o seu túmulo, os seus amigos inscreveram estas palavras significativas:- Apóstolo ardente da liberdade, da fraternidade, ele foi o grande propagandista da doutrina democrática e da idéia de uma federação política com a Espanha.'
A págs. 151 prossegue Magalhães Lima:
"'- Como campeões desta idéia, nós podemos também citar Antonio de Oliveira Marreca, que, em 1848, fez parte do primeiro triunvirato republicano com José Estêvão Coelho de Magalhães e Antonio Rodrigues Sampaio.
"A estes é preciso juntar: Sousa Brandão e latino Coelho, o primeiro a proclamar na Câmara dos Pares os princípios republicanos.'
E a págs. 175 escreve:
"'- O partido republicano não pode ser senão federalista. Em primeiro lugar, é esta a tradição que nos legaram os nossos chefes...'"

Quem foram os Iberistas.

"No livro que vimos citando, 'Féderation Iberique,' informa Magalhães Lima:
"O movimento federalista assinala-se por toda a parte em portugal. Os jornais republicanos defendem esta ideia com calor e entusiasmo' (pág.209).
"As conferências sucedem-se. Gomes da Silva (director político do órgão republicano 'O DIA'), um dos jornalistas mais distintos do partido republicano português, acaba também de fazer, sobre a Federação peninsular, uma brilhante dissertação' ( pág. 210).
"Eduardo de Abreu...este ardente republicano compreende como nós a necessidade de uma federação ibérica' (pág. 216).
"Braga é o centro católico do país. É a cidade onde os ultramontanos contam o maior número de adeptos. Pois bem! É do jornal 'A LUTA,' desta mesma cidade, que nós tiramos algumas considerações sobre a Federação Ibérica. O autor deste artigo é Borges Grainha, professor do liceu e um dos mais ardentes e inteligentes campeões da causa republicana em Portugal. Publicou duas obras notáveis contra o Jesuitismo (pág. 252): '- A Federação não pode ter por base senão a forma republicana; é por esta que a ideia de uma república ibérica e federal tomou raizes em toda a península.' ( págs. 254-255)."

Observa-se logo o descaso dos iberistas para com as tradições portuguesas. Desprezam o Estado-nação e promovem um Portugal que eventualmente seria absorvido por uma Espanha maior e mais populosa. Aqui, desprezam nossas tradições imperiais. Repudiam nossa Bandeira, símbolp do nosso Estado-nação e querem nos submergir numa proposta ibérica em que ficaríamos sozinhos com os portugueses no meio de uma quantidade sem fim de republiquetas ibéricas! Nosso carinho à Espanha, a Portugal, e a nossos vizinhos latino americanos. Nosso não ao iberismo.

Paulo Evaristo "Woolf"

A SER CONTINUADO...

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

CARTA APOSTÓLICA DE SS. LEÃO XIII À PRINCESA ISABEL


À muita amada em Cristo Filha Nossa, Saúde e Benção Apostólica.
As preclaras virtudes que adornam Tua pessoa e as brilhantes demonstrações de singular dedicação que Nos deste a Nós e a esta Sé Apostólica, pareceu-Nos mereceriam sem dúvida um testemunho particular e insigne de Nosso Apreço e paternal afeto para contigo.
Para te apresentarmos porém esse testemunho, nenhuma oportunidade mais favorável podia dar-se, conforme entendemos, do que a atual. Com efeito, novo esplendor acaba de realçar ainda mais os Teus louvores por ocasião da Lei que aí foi recentemente decretada e por Tua Alteza Imperial sancionada, relativa àqueles que, achando-se nesse Império Brasileiro, sujeitos à condição servil, adquiriram em virtude da mesma lei a dignidade e os direitos de homens livres.
Assim, pois, muito amada em Cristo Filha Nossa, Nós te enviamos de mimo a Rosa de Ouro que, ao pé do altar, consagramos com a prece apostólica e os demais ritos sagrados, consoante a usança antiga de Nossos Predecessores.
Por esta razão investimos do caráter de Nosso Delegado apostólico ao amado Filho Francisco Spolverini, Nosso Prelado Doméstico e Protonotário Apostólico, que exerce as funções de Internúncio e de Enviado extraordinário Nosso e desta Santa Sé, junto ao muito amado em Cristo Filho Nosso Pedro II Imperador do Brasil, e na ausência dele junto à Tua Alteza Imperial, com o fim de levar-Te a referida Rosa e de exercer o honrosíssimo ministério de fazer-Te a tradição dela, observando as sagradas cerimônias do estilo.
Nesse mimo, porém, que Te ofertamos, é desejo Nosso que Tua Alteza Imperial não olhe para o preço do objeto e seu valor, mas atenda aos mais sagrados mistérios por ele significados. Assim é que nessa flor e no esplendor do ouro se manifesta Jesus Cristo e sua suprema Majestade. É Ele que se denomina a flor do campo e o lírio dos vales. Na fragrância da mesma flor se exibe um símbolo do bom odor de Cristo, que ao longe rescendem todos os que cuidadosamente imitam as suas virtudes.
Daí é impossível que o aspecto deste mimo não inflame cada vez mais o Teu zelo em respeitar a religião e em trilhar a vereda árdua, sim, mas esplêndida da virtude.
No entanto, implorando toda a sorte de prosperidades e venturas para Ti, e todo o Império Brasileiro, muito afetuosamente no Senhor outorgamos a Benção Apostólica a Ti, muito amada em Cristo Filha Nossa, e à Tua Imperial Família.
Dado em Roma, junto a São Pedro, sob o Anel do Pescador, no dia 29 de maio do ano de 1888, IIº no Nosso Pontificado.


Cardeal Carlo Nocella

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

SUBSIDIARIDADE

Princípio da subsidiariedade segundo ensinamento dos Sumos Pontífices


É esta a definição do Princípio da subsidiariedade dada pelo Papa Pio XI: " Verdade é, e a História demonstra abundantemente que, devido à mudança de condições, só as grandes sociedades podem levar hoje a efeito o que antes podiam até mesmo as pequenas; permanece, contudo, imutável aquele solene princípio da filosofia social: assim como é injusto subtrair aos indivíduos o que eles podem efectuar com a própria iniciativa e indústria, para o confiar à colectividade, do mesmo modo passar para uma sociedade maior e mais elevada, o que as sociedades menores e inferiores podiam conseguir, é uma injustiça, um grave dano e perturbação da ordem social. O fim natural da sociedade e da sua acção é coadjuvar os seus membros, não destruí-los nem absorvê-los." ( Cfr. Encíclica Quadragesimo Anno, n. 79).
O Papa João Paulo II afirmou: "Também neste âmbito, se deve respeitar o princípio de subsidiariedade: uma sociedade de ordem superior não deve interferir na vida interna de uma sociedade de ordem inferior, privando-a das suas competências, mas deve antes apoiá-la em caso de necessidade e ajudá-la a coordenar a sua acção com a das outras componentes sociais, tendo em vista o bem comum." ( Cfr. Encíclica Centesimus Annus, n. 48).

Paulo Evaristo "Woolf"


Para um melhor entendimento da importante questão dos corpos intermédios e do princípio da subsidiariedade, recomendamos o livro O MERCADO LIVRE NUMA SOCIEDADE CRISTÃ ,de autoria de Adolpho Lindemberg, publicado no Porto,Portugal, pela Livraria Civilização Editora em 1999. 316pp.

RETRATATIO

Como ordena a boa educação, princípio da caridade, uso nosso blog para retratar-me de uma impostura feita ao Seminário Permanente de Estudos Sociopolíticos. De fato, após ver a impostura feita por um deles com o Brasão da Família Imperial, me pus a fazer o mesmo com o escudo deles e asosciá-los à ingestão de fezes. Visto que não foi nobre minha postura diante da querela, peço perdão público pelo pseudo-palavrão ofensivo às consciências que se afetaram. Mas, se o fiz, foi por estar abolutamente indgnado pelo modo igualmente ofensivo com o qual tratam os símbolos pátrios, o Brasão da Família Imperial, símbolo que inclui não só Dom Luiz e Dom Bertrand a quem criticam e de quem afastam os monarquistas católicos, mas Dom Antônio e seu filho, Dom Rafael, que não são da TFP, criticada pelos membros do Spes; Dom Pedro Henrique e sua esposas Dona Maria da Baviera, pais de Dom Luiz; Dom Luiz Maria Gastão, irmão do precedente e tio do atual Chefe da Casa Imperial, um santo, pelas palavras do Cardeal de Paris, que em seu Requiem dizia que ao invés de rogar por ele pediria que ele rogasse por si, e de quem publicaremos a história baseada em Monsenhor René Delair, seu confessor; Dom Luiz, o Príncipe Perfeito, filho da Princesa Isabel, pai de Dom Pedro Henrique e de Dom Luiz Maria; a Princesa Isabel, que a que pese as críticas, fundadas ou não, isso desinteressa ao nosso grupo, teve seu processo de beatificação aberto, e de fato, só pela maçonaria não ter permitido seu reinado já me basta para merecer meu devido respeito; e ao Conde d'Eu, Príncipe Consorte, filósofo tomista e gênio militar e católico fervoroso que em sua avançada velhice assistiu à todos as atividades do congresso Eucarísitco de Roma. Toda essa gente foi ofendida por este ato, que não obstante, permanece sem reparação, mas por este motivo me inflamou o espírito, e usei a palavra imodesta da qual retrato-me, esperando a mesma nobreza em troca.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

ALVARÁ DE DOM JOÃO VI CONTRA A MAÇONARIA

Alvará de Sua Magestade Dom João VI contra as Sociedades Secretas


 
"Eu El Rei faço saber aos que este alvará com força de lei virem, que tendo-se verificado pelos acontecimentos que são bem notórios o excesso de abuso a que tem chegado as Sociedades Secretas, que, com diversos nomes de ordens ou associações, se tem convertido em conventiculos e conspirações contra o Estado , não sendo bastantes os meios correcionaes com que se tem até agora procedido segundo as leis do Reino, que prohibem qualquer sociedade, congregação ou associação de pessoas com alguns estatutos, sem que elas sejão primeiramente por mim autorisadas, e os seus estatutos approvados: e exigindo por isso, a tranquilidade dos povos, e a segurança que lhes devo procurar e manter, que se evite a ocasião e a causa de se precipitarem muitos vasallos, que antes podião ser uteis a si e ao Estado, se forem separados delles, e castigados os perversos como as suas culpas merecem; e tendo sobre esta materia ouvido o parecer de muitas pessoas doutas e zelosas do bem do Estado, e da felicidade dos seus concidadãos, e de outras do meu Conselho e constituidas em grandes empregos, tanto civis, como militares, com as quais me conformei: sou servido declarar por criminosas, e proibidas tôdas e quaesquer sociedades secretas de qualquer denominação que ellas sejão, e com os nomes e forma já conhecidos, ou debaixo de qualquer nome ou forma que de novo se disponha e imagine; pois que todas e quaesquer deverão ser consideradas d'agora em diante, como feitas para conselho e confederação contra o Rei e contra o Estado"

Alvará Real de 30 de Março de 1818

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Oremus pro Cristianissimo Imperatore Nostro Petro

D.PEDRO II


Despercebidos de todo passaram-se este mês dois aniversários.
A 2 de dezembro nasceu, a 5 de dezembro faleceu D. Pedro II. Quem foi este homem que não deixou lembranças neste país? Apenas um imperador...Um imperador que reinou apenas durante 58 anos...tirano? Despótico? Equiparável a qualquer facínora coroado? Não, apenas a Marco Aurélio.
A velha dinastia bragantina alcançou com ele esse apogeu de valor mental e moral que já brilhou em Roma, na família Antonina, com o advento de Marco Aurélio.
Só lá, nesse período feliz da vida romana, é que se nos depara o sósia moral de Pedro II.
A sua função no formar da nacionalidade brasileira não está bem estudada.
Era um ponto fixo, era uma coisa séria, um corpo como os há na natureza, dotado de força catalítica.
Agia pela presença.
O fato de existir na cúspide da sociedade um símbolo vivo e ativo e Honestidade no trono.
O político visava o bem público, se não por determinismo de virtudes pessoais, pela influência catalítica da virtude imperial.
As minorias respiravam, a oposição possibilizava-se: o chefe permanente das oposições estava no trono. A justiça era um fato: havia no trono um juiz supremo e incorruptível.
O peculatário, o defraudor, o político negocista, o juiz venal, o soldado covarde, o funcionário relapso, o mau cidadão enfim, e mau por força de pendores congeniais, passava, muitas vezes, a vida inteira sem incidir num só deslize.
A natureza o propelia ao crime, ao abuso, à extorsão, à violência, à iniqüidade – mas sofreava as rédeas aos maus instintos a simples presença da eqüidade e da Justiça no trono.
Ignorávamos isso na monarquia.
Foi preciso que viesse a república, e que alijasse do trono a força Catalítica para patentear-se bem claro o curioso fenômeno.
A mesma gente, - o mesmo juiz, o mesmo político, o meso soldado, o mesmo funcionário até 15 de novembro honesto, bem intencionado, bravo e cumpridor dos deveres, percebendo, na ausência do imperial freio, ordem de soltura, desaçamaram a alcatéia dos maus instintos mantidos em quarentena.
Daí, o contraste dia a dia mais frisante entre a vida nacional sob Pedro II e a vida nacional sob qualquer das boas intenções quadrienais que se revezam na curul republicana.
Pedro II era a luz do baile.
Muita harmonia, respeito às damas, polidez de maneiras, jóias d’arte sobre os consolos, dando o conjunto uma impressão genérica de apuradíssima cultura social.
Extingue-se a luz. As senhoras sentem-se logo apalpadas, trocam-se tabefes, ouvem-se palavreados de tarimba, desaparecem as jóias...
Como, se era a mesma gente!
Sim, era a mesma gente. Mas em formação, com virtudes cívicas e morais em início de cristalização.
Mais um século de luz acesa, mais um século de catálise imperial, e o processo cristalizatório se operaria completo.
Animal, domesticado de vez, dispensaria açamo. Consolidar-se-iam os costumes, enfibrar-se-ia o caráter.
E do mau material humano com que nos formamos, sairia, pela criação duma segunda natureza, um povo capaz de ombrear-se com os mais apurados em cultura.
Para esta obra moderadora, organizadora, cristalizadora, ninguém mais capaz do que Pedro II; nenhuma forma de governo melhor do que sua monarquia.
Mas sobrevém, inopinada, a república.
Idealistas ininteligentes, emparceirados com a traição e a inconsciência da força bruta, substabelecem-se numa procuração falsa e destroem a obra de Pedro II “em nome da nação”.
A nação não reage, inibida pela surpresa, e também porque lhe acenam logo com um programa de maravilhas, espécie de paraíso na terra.
É sempre assim. Não variam com a longitude nem com a latitude os processos psicológicos de assalto ao poder.
Aqui, assaltado o poder e conquistadas as posições, houve um geral arrancar de máscaras: - Enfim, sós!
O “Alagoas” levava a bordo a luz importuna, a luz que empatava. E começou a revista de ano que há trinta anos diverte o país.
Que diverte, mas que envenena.
Que envenena e arruína.
O que havia de cristalização social dissolve-se, volta ao estado de geléia.
Sucedem-se na cena os atores, gingam-se as mesmas atitudes, murmuram-se as mesmas mensagens, reeditam-se eternas promessas.
O povo, cansado e descrente, farto de uma palhaceira destituída da mínima originalidade, cochila nas arquibancadas. Nem aplauso, nem assobia, - dorme, e sonha, entre outras coisas, com o inopinado surto em cena de um delegado de polícia loiro e dez praças de uniforme desconhecido que ponham fim à pantomina.
Não intervém para realizar por mãos próprias o “basta”, porque se sente tão gelatinoso como os atores. Nada o galvaniza, não o espante nenhum jangotisnmo de Tony. Abudistado, assiste até ao indecoroso matar-se em massa.
As cenas do ano 1900 desenroladas na capital da república, durante a última epidemia, são “os noves fora nada” da obra do 15 de novembro. A máquina governamental, caríssima, não funciona nos momentos de crise. Não é feita para funcionar, senão para sugar com fúria acarina o corpo doente do animal empolgado.
De norte a sul o povo lamuria a sua desgraça e chora envergonhado o que perdeu.
Tinha um rei. Tem sátrapas.
Tinha dinheiro. Tem dívidas.
Tinha justiça. Tem cambalachos de toga.
Tinha parlamento. Tem ante-salas de fâmulos.
Tinha o respeito do estrangeiro. Tem irrizão e desprezo.
Tinha moralidade. Em o impudor deslavado.
Tinha soberania. Tem cônsules estrangeiros assessorando ministros.
Tinha estadistas. Tem pegas.
Tinha vontade. Tem medo.
Tinha leis. Tem estado de sítio.
Tinha liberdade de imprensa. Tem censura.
Tinha brio. Tem fome.
Tinha Pedro II. Tem...não tem!
Era. Não é.
Numa época terrível para a vida universal, em que cada país procura chefiar-se por intermédio dos homens de suprema energia. Wilson, Lloyde George, Clemenceau, Ebert, o Brasil apalpa o pescoço e não sente cabeça. Chegou a maravilha teratológica duma acefalia inédita.
Anos atrás foi apresentado à Cãmara dos Deputados um projeto de lei mandando trasladar os restos de Pedro II para a terra natal.
A consciência desse ramo legislativo, num assomo de revivescência, votou, em apoteose, a lei. Maurício de Lacerda definira, nesse dia, a política republicana, como feita de alcoures e corrilhos.
A Câmara desmentiu-o por cinco votos. Mas o senado confirmou-lhe o asserto, por quase unanimidade. Não convinha á turba de sarcorhamphus pacificamente acomodada em torno da presa a devorar – a Pátria – a trasladação dos restos mortais. Quem sabe, conservariam essas cinzas algo da misteriosa força que caracterizou em vida Pedro II? E viriam elas – agindo pela presença – perturbar a paz do festim? “Nada, não perturbemos nossa digestão” – pensou o senado. E o projeto caiu.
O Brasil é uma nação a fazer. Ou refazer, já que destruíram os alicerces da primeira tentativa séria.
Cortado o fio da evolução natural, baralhados os materiais, dispensados os operários honestos e hábeis, hipotecadas as suas rendas, a política de hoje vive de uma indústria nova: aluguel de consciência. Cada empresa estrangeira aluga uma série. De uma, a mais poderosa de todas, é sabido que chegou á perfeição de fichar comercialmente o preço de homens públicos.
É a deliquescência final, o esverdear...
Este estado de coisas é, entretanto, galvanizável. Bastaria repor na máquina que tudo coordena, - essa força catalítica sem a qual nenhum povo como o nosso, instável, em formação, produto dos mais díspares elementos étnicos, conseguiu jamais alcançar as etapas sucessivas da nacionalidade.
Um homem, uma continuidade de ação, um pulso – o bisneto de Marco Aurélio ou Rosas.
A força mansa que norteia o evoluir ou a força que arrasa, desespera, e cria pela dor o instinto de defesa,
Tudo é preferível ao reino manhoso dos guzanos de boca dupla – uma que mente para o povo, outra que rói até aos ossos.
Esperemos em Anhangá, o deus brasileiro. Peçamos-lhe, neste mês dos aniversários imperiais, que ressuscite e reponha no seu lugar o espírito bom que neutralizava a influência dos espíritos maus.
É a nossa derradeira esperança, Anhangá...

Monteiro Lobato (publicado originalmente na Revista do Brasil, n 36, págs;387/391 -Edição de Dezembro de 1918, Vol. IX - Ano III, e novamente postada pelo Círculo Monárquico de Aracajú).

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Morte de D. Pedro II e de D.Isabel.

Morte de D. Pedro II e de D.Isabel.











D.Pedro II:À cabeceira do leito modesto onde jazia, magro, o corpo comprido, as barbas muito brancas, empastadas sobre o peito, sua querida Isabel, Gaston, os netinhos e alguns poucos dos últimos fiéis choravam em silêncio o fim daquela grande e nobre vida. À noite, por volta das dez horas, ele teve um momento de consciência, justamente quando o Cura da Madalena lhe administrava a extrema-unção. Mas logo depois caía novamente em prostração. A respiração foi-se fazendo cada vez mais lenta e imperceptível. O pulso mais fraco. Sua bela cabeça branca pendia brandamente sobre o ombro esquerdo. Os olhos, semi-cerrados, apagavam-se. A respiração, já agora, era quase nenhuma, ia aos poucos sumindo. Até que silenciosamente, suavemente, sem um gemido, sem uma contração, como um justo que era, ele rendeu no silêncio daquela triste madrugada de exílio, a sua grande alma ao Criador".




















História de D. Pedro II, Heitor Lyra, volume terceiro da Brasiliana, São Paulo, 1939. Citação à página 308.




















D. Isabel:" No dia 11 de novembro, uma sexta-feira, ela entrou no seu carro para o passeio que habitualmente fazia pelos arredores do castelo. ( Castelo D`Eu). O céu estava límpido e a atmosfera diáfana. Em torno, tudo era tranquilidade e paz. Súbito, os ventos começaram a soprar fortemente, promovendo uma brusca mudança na temperatura. Uma rajada invadiu o carro, rodopiou no seu rosto, afetando-lhe a boa disposição com que começara o seu passeio. Ao regressar ao Castelo já não se sentia bem. Estava resfriada, mas não quis acamar. Permaneceu de pé até a noite do dia seguinte. Ao amanhecer do domingo, porém, não pôde mais levantar-se. Faltaram-lhe as forças de que fora tão bem servida até há bem pouco tempo. Não cedendo o mal-estar que sentia, foi chamado o médico. À tardinha a pulsação se alterou e a respiração foi se tornando cada vez mais difícil, até que sobreveio a dispnéia acompanhada de febre, que, subindo sempre, culminou na congestão pulmonar. Sentindo ela própria a gravidade de seu estado, pediu a presença de Monsenhor Delair, preceptor de Dom Pedro Henrique, capelão da Família Imperial e prelado doméstico do papa, a quem se confessou.Durante toda a noite continuou numa alternativa de aparente melhora e repentina piora. Na madrugada de segunda-feira entrou em agonia, lenta e suave. Em dado momento, todos supuseram que havia recuperado as forças perdidas. Entreabriu os olhos e os relanceou pelo ambiente, mas logo tomou-se de uma vaga expressão de quem se abandona e vai lentamente adormecendo. Os lábios cerram-se e o rosto imobiliza-se. Ouvem-se soluços. O relógio, num som metálico que mais parecia um lamento, bate dez pancadas. No lugar por ele ocupado o calendário assinala: 1921-novembro - dia 14 - segunda-feira".Princesa Isabel, uma vida de luzes e sombras. Hermes Vieira. Segunda edição refundida. São Paulo. Edições GRD, 1989. 265pp. Citação à página 237.















Apenas uma palavra. Trinta anos separam as duas mortes. E como se fazem iguais. A mesma morte, no conforto dos Santos Sacramentos, a mesma dignidade que reina em ambas as situações. Viveram e morreram príncipes. Da morte da última, ouvi dos lábios de D.Pedro Henrique, seu neto, e que menino lhe sentara ao colo. Possamos nós viver e morrer com a dignidade desses Príncipes que banimos de nossa Pátria.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

VERITAS IPSA






Tendo circulado em uma pseudo comunidade monárquica umas bobagens escritas por um rapazola ateu atacando a Santa Igreja e acusando-a de pregar que os negros não tem alma, e outras sandices do gênero, resolvi divulgar o excelente e-mail que me mandou o jovem advogado Dr. Rodrigo Rodrigues Pedroso, da Associação Comercial de São Paulo, no dia 31 de janeiro do corrente ano. Que São Benedito tenha pena dos muitos jovens mal formados que pululam por aí.




Paulo Evaristo "Woolf"






Texto de Rodrigo Rodrigues Pedroso:



Em 1537, a Igreja condenou a escravização dos indigenas da America (as "partes Occidentaes") e da Africa ("os do Meio-Dia") pela bula Veritas Ipsa, do Papa Paulo III. Aos traficantes de escravos, posteriormente, foi cominada a pena canônica de excomunhão. O cristianismo já havia sido o responsável pelo desaparecimento da escravidão na Europa, no século V. Efetivamente, toda a economia do Império Romano estava assentada sobre a exploração da mão-de-obra escrava. Pelo direito quiritário de Roma Antiga, o escravo não era considerado pessoa perante o direito, mas mera coisa, sem qualquer direito a ser respeitado. Os escravos, por exemplo, não tinham o jus conubii (o direito de casar-se), as uniões entre escravos não eram consideradas casamento, mas contubernium, como entre os animais. Se o senhor estuprasse uma escrava ou matasse um escravo de sua propriedade, nenhum crime cometeria, tal como se fizesse o mesmo com o seu cachorro. Foi a Igreja, com a ascensão do cristianismo, que obrigou os senhores a reconhecerem direitos aos seus escravos: direitos como o de constituir familia legitima, o de possuir bens, o de ter tempo livre para descanso. Com o cristianismo e o reconhecimento de direitos aos escravos, estes tiveram reconhecida a sua personalidade civil, foram reconhecidos como pessoas perante o direito, e a escravatura extinguiu-se para dar lugar à servidão da gleba, em que cada servo estava ligado a um pedaço de terra, do qual não poderia ser privado.Todavia, no século XVI, houve o retorno da escravidão ao Ocidente, devido à má influência que os maometanos exerceram sobre os portugueses, com as Grandes Navegações. Os portugueses, vendo que os maometanos ainda praticavam a escravidão em seus dominios na Africa, resolveram introduzi-la na América. Como já vimos, a Igreja condenou a escravização dos indigenas americanos e africanos, e estipulou a pena de excomunhão para quem praticasse o tráfico de escravos. Por que dessa vez não deu certo? Porque na época, como hoje na questão do aborto, existiam os Católicos pelo Direito de Escravizar, dentre eles muitos marranos (judeus que adotaram o catolicismo apenas com o interesse de não serem expulsos de Portugal).Segue a bula de Paulo III, na ortografiado do português antigo.






Rodrigo R. Pedroso.



Veritas Ipsa






Paulo III, a todos os fiéis Christãos, que as presentes letras virem, saúde, e benção Apostólica.






A mesma Verdade, que nem pode enganar, nem ser enganada, quando mandava os Pregadores de sua Fé a exercitar este officio, sabemos que disse : "Ide, e ensinai a todas as gentes. A todas disse, indifferentemente, porque todos são capazes de receber a doutrina de nossa Fé. Vendo isso, e invejando-o o comum inimigo da geração humana, que sempre se oppõe às boas obras, para que pereçam, inventou hum modo nunca dantes ouvido, para estorvar que a palavra de Deus não se pregasse às gentes, nem ellas se salvassem. Para isso, moveu alguns ministros seus, que desejosos de satisfazer as suas cobiças, presumem affirmar a cada passo, que os Índios das partes Occidentaes, e os do Meio Dia, e as mais gentes, que nestes novos tempos tem chegado a nossa notícia, hão de se interessar tem chegado a nossa notícia, hão de ser tratados e reduzidos a nosso serviço como animais brutos, a título de que são inábeis para a Fé catholica : e socapa de que são incapazes de recebella, os pôem em dura servidão, e os affligem, e opprimem tanto, que ainda a servidão em que tem suas bestas, apenas eh tão grande como aquella com que affligem a esta gente. Nós outros, pois, que ainda que indignos, temos as vezes de Deos na terra e procuramos com todas as forças achar suas ovelhas, que andam perdidas fora de seu rebanho, pera reduzillas a elle, pois este hé nosso officio; conhecendo que aquelles mesmos Indios, como verdadeiros homens, não somente são capazes da fé de Christo, senão que acodem a ella, correndo com grandíssima promptidão, segundo nos consta; e querendo prover nestas cousas de remedio conveniente, com authoridade Apostolica, pello teor das presentes letras, determinamos, e declaramos, que os ditos Indios, e todas as mais gentes que daqui em diante vierem à notícia dos cristãos, ainda que estejam fóra da Fé de Christo, não estão privados, nem devem sello, de sua liberdade, nem do domínio de seus bens, e que não devem ser reduzidos a servidão. Declarando que os ditos Indios, e as demais gentes hão de ser atrahidas, e convidadas a dita Fé de Christo, com a pregação da palavra divina, e com os exemplos de boa vida. E tudo o que em contrario desse documento se fizer, seja em si de nenhum valor, nem firmeza; não obstante qualquer coisa em contrário, nem as sobredittas, nem outras em qualquer maneira.






Dada em Roma, anno de 1537, aos nove de junho, no anno terceiro de nosso Pontificado.






Paulo PP. III

sábado, 15 de outubro de 2011

Entrevista com D. Luiz sobre os 200 anos da chegada da Família Real Portuguesa






A meu ver, as grandes qualidades de Dom João foram o seu excepcional descortino político e a sua sagacidade benévola e benfazeja. (...) De Dom João VI, eu quereria ter as qualidades que já citei. De Dom Pedro I, o arrojo e a coragem política e militar." (D. Luiz de Orleáns e Bragança)




Catolicismo — Qual a importância histórica e o significado mais profundo da vinda da Família Real portuguesa para o Brasil?



Dom Luiz — O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira costumava dizer que parecia haver um plano da Divina Providência, no sentido de formar para o terceiro milênio uma grande nação católica, com influência determinante nos acontecimentos do mundo, e que essa nação seria o Brasil. Apesar das mazelas dos dias que correm, esse sentimento é compartilhado mais ou menos conscientemente pela maioria dos brasileiros. Por sua extensão territorial quase continental, por seus recursos naturais praticamente inesgotáveis, por seu povo inteligente, afetivo, bondoso e fundamentalmente católico, nossa Pátria poderá, após os acontecimentos punitivos e regeneradores previstos pela Santíssima Virgem em Fátima, ser um luzeiro para toda a nova Cristandade. Numa era marial como a prevista por numerosos Santos, entre os quais o grande apóstolo mariano, São Luís Grignion de Montfort. A Terra de Santa Cruz poderá ter, nessa época, um papel exemplar para as outras nações, como o da França na Cristandade de outrora. Vista nessa perspectiva, a vinda da Família Real portuguesa para suas terras americanas tem um significado providencial transcendente.

Catolicismo — Fala-se geralmente que o Príncipe Regente Dom João e a Família Real fugiram para o Brasil. Está correto isso? Ou a realidade histórica é diferente?




Dom Luiz — A consciência de que o Brasil, pelo seu tamanho e pelas suas riquezas, teria um papel de primeira plana no império português, existiu desde o século XVII. Isso se vê no fato de que, a partir da ascensão ao trono da dinastia de Bragança, em 1640, o herdeiro imediato da Coroa tinha o título de Príncipe do Brasil. Cogitou-se desde o fim do século XVII em transferir para a América a capital do império luso, a fim de afastá-la das turbulências européias e, ao mesmo tempo, pô-la num lugar a partir do qual fossem mais fáceis e rápidas as comunicações com a África e a Ásia. O Rio de Janeiro tornara-se escala obrigatória para os navios rumo ao Oriente, e as possessões africanas foram muitas vezes administradas, desde o século XVIII, por governadores gerais e vice-reis do Brasil.
Quando se apresentou para Portugal a ameaça de uma invasão napoleônica, o então Príncipe Regente Dom João viu que era o momento de concretizar o velho plano, para poupar à Dinastia a sorte de tantas outras Casas reinantes espoliadas pelo tirano corso. A fim de ter tempo para preparar a transferência, Dom João aparentou longa indecisão entre a aliança inglesa e a francesa. Era preciso armar e preparar toda uma esquadra, encaixotar todo o necessário para a vida da corte e o funcionamento do governo na nova capital. Móveis, baixelas, obras de arte, biblioteca, arquivos, tesouro nacional, mil coisas diversas. O Príncipe Regente conseguiu, com sua aparente abulia, despistar magistralmente Napoleão. A ponto de este, em suas memórias redigidas no exílio de Santa Helena, se manifestar ressentido contra o “único soberano que o ludibriara”.






Catolicismo — A vinda da Família Real portuguesa foi vantajosa para a unidade e a grandeza do Brasil?






Dom Luiz — Foi providencial!






Catolicismo — Em que áreas?




Dom Luiz — O principal efeito foi que a nossa emancipação, pela virtude da Monarquia, se deu sem o País se fracionar em várias repúblicas, ao contrário da Hispano-América. O Brasil permaneceu uno. Durante os primeiros 67 anos de independência, foi poupado de muitas das turbulências políticas que assolaram nossos vizinhos, com golpes de estado, revoluções, ditadores populistas, etc. Após a proclamação da República, infelizmente, enveredamos também por essas brenhas...


Catolicismo — Estaria correto ou é exagerado dizer que Dom João VI assentou as bases do império brasileiro?




Dom Luiz — É inteiramente exato! Segundo o historiador Oliveira Lima, o Príncipe Regente Dom João veio para o Brasil com o intuito de formar aqui um grande império. Mal chegou ao Brasil, aquele homem aparentemente abúlico e indeciso tomou uma série de medidas fundamentais para isso. Basta citar que, no mês que passou na Bahia de 22 de janeiro a 26 de fevereiro, antes de desembarcar definitivamente no Rio de Janeiro, já decretara a abertura dos portos ao comércio internacional, aprovara a formação da primeira Escola de Medicina do Brasil e os estatutos da primeira companhia de seguros, concedera a licença para a construção de uma fábrica de vidro e outra de pólvora. Além disso, ordenara abrir estradas, encomendara um plano de fortificação e defesa da Bahia e a formação de dois esquadrões de cavalaria e um de artilharia. Não é razoável supor que todas essas medidas, que tiveram tantas conseqüências benéficas a longo prazo, tenham sido decididas na hora, ao sabor dos acontecimentos, sem que tivesse havido um planejamento anterior, um projeto político preexistente.
Já no Rio de Janeiro, dois dias depois de desembarcar a 8 de março, Dom João organizou o governo. O Ministério compunha-se de: Negócios Estrangeiros e da Guerra, com D. Rodrigo de Sousa Coutinho, futuro Conde de Linhares; Negócios do Reino, com D. Fernando José de Portugal, que seria feito Marquês de Aguiar; e Negócios da Marinha e do Ultramar, com D. João Rodrigues de Sá e Meneses, Visconde de Anadia.
No afã de criar as estruturas do País, Dom João ainda editou o regulamento da Administração Geral dos Correios, criou uma Escola Superior de Técnicas Agrícolas, um laboratório de estudos e análises químicas, a Academia dos Guardas-Marinha, a Academia Real Militar, que incluía Engenharia Civil e Mineração, a Impressa Régia. Estabeleceu, além disso, o Supremo Conselho Militar e de Justiça, o Arquivo Militar, o Tribunal da Mesa do Desembargo do Paço e da Consciência e Ordens, ou seja, o Judiciário independente no Brasil, a Intendência Geral de Polícia, o Erário Régio, o Conselho da Fazenda, o Corpo da Guarda Real. Mais tarde seriam criados o Banco do Brasil, a Biblioteca Nacional, o Museu Nacional, o Real Teatro de São João e o Jardim Botânico, este último com a finalidade de aclimatar no Brasil espécies vegetais oriundas da África e Ásia.
As regiões mais distantes foram exploradas e mapeadas, e Oliveira Lima relata que o Príncipe Regente mandou pôr marcos de pedra em todas as nossas fronteiras, das Guianas à Argentina. Esses marcos serviriam muito mais tarde, já na República, para calçar as negociações de limites com nossos vizinhos, levadas a cabo pelo Barão do Rio Branco.
Cabe ainda lembrar que em 1815, já como Rei com o título de D. João VI, elevou o Brasil a Reino Unido com Portugal e Algarves. Com isso, politicamente ficava o Brasil emancipado de Portugal e equiparado à antiga mãe-pátria.
Dom João realmente deu ao Brasil as instituições políticas, judiciárias, militares, culturais e econômicas fundamentais para um país independente e soberano.

Catolicismo — Vossa Alteza sempre teve muito interesse pelos estudos históricos, e certamente terá conversado sobre esses temas com o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, ilustre catedrático e mestre de História. Lembra-se de algum comentário dele sobre a vinda da Família Real para o Brasil?




Dom Luiz — Lembro-me especialmente de ouvi-lo comentar o modo como a Família Real foi recebida no Brasil. Nosso povo, muito afetivo, estava encantado de ter um rei na sua terra, e portanto o recebeu muito bem. Já na Bahia, estava tudo preparado: o Vice-Rei, as autoridades militares, o Bispo da Bahia e Primaz do Brasil, acompanhado de todo o cabido e do clero, com a relíquia do Santo Lenho para o Príncipe se ajoelhar e adorar logo que chegasse. Os sinos começariam a repicar, e uma procissão acompanhá-lo-ia até o Palácio da cidade.
Quando Dom João desembarcou, foi recebido por todos, mesmo pelos negros, já então muito numerosos na Bahia. Os sinos tocavam. Ele desceu em terra, e a primeira coisa que fez foi ajoelhar-se e receber a bênção do Bispo. Cantou-se o “Te Deum” pela feliz chegada da Família Real. Nunca um soberano tinha pisado nas três Américas, e Dom João, que ainda não era soberano, era somente Príncipe Regente em nome de sua mãe Da. Maria I, ficou encantadíssimo de ver um povo tão bom. A coisa se passou às mil maravilhas!
No Rio de Janeiro, a festa foi ainda maior.
Segundo afirmou o Dr. Plínio, ele era um governante segundo um sistema de que gostam os brasileiros: pomposo, autêntico, legítimo, mas com uns lados muito familiares. Tratava as pessoas muito bem, com muita cordialidade, muita bondade e muita gentileza. Era mesmo muito simples, muito lhano no seu modo de viver.

Catolicismo — Na opinião de Vossa Alteza, o Rei Dom João VI fez bem em voltar para Portugal? Ou teria sido melhor permanecer no Brasil?




Dom Luiz — Dom João VI queria permanecer no Brasil. Seu plano era estabelecer permanentemente a capital do império lusitano no Rio de Janeiro, pois previa que o Brasil tornar-se-ia forçosamente a parte mais importante dele, por seu tamanho, sua população e suas riquezas naturais. Além disso, ele gostava imensamente do Brasil, de seu povo e de suas paisagens. A ilha de Paquetá, na Baía de Guanabara, era para ele uma espécie de paraíso onde podia descansar das preocupações de governante. Só voltou a Portugal forçado por uma revolução liberal em Lisboa, que punha em risco a preservação da Monarquia lusa na Europa –– e também, seja dito de passagem, a unidade do Brasil como nação. Pois as Cortes de Lisboa ameaçavam dividir nosso País em várias províncias diretamente administradas por Lisboa, ou seja, rebaixar ao status anterior um território que já era Reino autônomo.
Entretanto, ao deixar o Rio de Janeiro, Dom João VI aconselhou ao seu filho primogênito que aqui deixava com Regente: “Pedro, mais cedo ou mais tarde o Brasil se tornará independente. Toma tu a Coroa antes que um aventureiro o faça”. Com isso D. João nos legou a continuidade monárquica, e também a unidade e a grandeza continental de nossa Pátria.
Em Portugal, Dom João conseguiu retomar logo o poder que estava sendo usurpado pelas Cortes e restabelecer as prerrogativas da Coroa, mas morreu pouco depois, ao que tudo indica, envenenado com arsênico por seus inimigos.

Catolicismo — Muitos autores fazem críticas pessoais, e até caricatas, a Dom João VI. Mas historiadores sérios como Oliveira Lima, e estrangeiros insuspeitos como Thomas O´Neill e o próprio Bonaparte, parecem considerar Dom João como um homem excepcional, de grande sabedoria, envergadura política e tino administrativo. O que pensa Vossa Alteza a respeito?




Dom Luiz — Estou convencido da veracidade dessa apreciação favorável. Toda a obra dele nos dá testemunho disso. É lamentável que, a partir da República, uma campanha sistemática de detração no-lo tenha apresentado, inclusive em livros escolares, como um homem desfibrado, indeciso, mole e glutão.
Contudo, apesar dessa campanha desfavorável, no subconsciente dos brasileiros a verdadeira imagem de Dom João permaneceu como tendo sido um rei grande, muito popular e simpático.

Catolicismo — Do ponto de vista do refinamento cultural e social, qual foi o papel de Dom João e da Família Real portuguesa na formação das elites brasileiras?




Dom Luiz — Foi enorme. O escritor Laurentino Gomes – a meu ver, falho em diversos aspectos – registra insuspeitamente que o tônus de vida aumentou muito no Rio de Janeiro, com a presença da Família Real. Um sintoma disso é que “o comércio, que [antes] só vendia escravos e cavalos, passou a oferecer pianos, livros, tecidos de linho, lenços de seda, champanhe, água de colônia, leques, luvas, vasos de porcelana, quadros, relógios e uma infinidade de outras mercadorias importadas”.
Não podia ser de outra maneira. A ação de presença da Corte só podia atrair para o Rio as famílias mais abastadas e estimulá-las no afã de melhorar seu modo de vida. Com isso, por via de conseqüência, o tônus de vida de toda a população teve substancial melhoria.
Acresce que Dom João atraiu para o Brasil missões artísticas e culturais da França e de outros países da Europa. Mais tarde Dona Leopoldina viria acompanhada de outras, especialmente da Áustria e da Alemanha.

Catolicismo — Na opinião de Vossa Alteza, Dom João VI chegou a vislumbrar algo da missão providencial do Brasil como continuador no Novo Mundo das tradições e glórias de Portugal?




Dom Luiz — Creio que sim. O fato de ele ter querido que seu herdeiro se casasse com uma arquiduquesa da Áustria mostra que considerava o futuro soberano do império luso, com capital no Rio de Janeiro, com suficiente nível para se unir com uma filha da mais alta Casa reinante da Cristandade, e portanto do mundo inteiro.

Catolicismo — É verdade que, quando Dom João chegou ao Brasil, mandou invadir a Guiana Francesa como represália à agressão napoleônica, e em conseqüência disso o território do atual Estado do Amapá pertence ao Brasil?




Dom Luiz — De fato, ao chegar ao Brasil, Dom João mandou invadir a Guiana Francesa. Nosso Corpo de Fuzileiros Navais foi criado para essa missão. O Príncipe Regente previa importantes negociações internacionais após a queda de Napoleão, a fim de reordenar o mundo convulsionado pelo tirano corso. Queria ter então moeda de troca, e só devolveu a Guiana quando a França desistiu de ter fronteiras nas margens do rio Amazonas.
É preciso dizer que Dom João VI tinha na Europa três diplomatas de primeira ordem: o Marquês de Marialva, junto à Corte de Viena, que negociou o casamento de Dom Pedro com Dona Leopoldina e defendeu os nossos interesses no Congresso de Viena, juntamente com o Conde de Palmela, que normalmente ficava em Londres. Além desses dois, havia também um Senhor Britto, baiano de nascença, que em Paris deixava exasperado o Duque de Richelieu, ministro de Luís XVIII, por causa da habilidade com que conseguia vantagens para Portugal em todas as negociações.
Esses três diplomatas podiam dar o melhor de si, mesmo porque se sabiam apoiados por um rei inteligente, sagaz, com grande visão política, muito esperto, e que sabia o que queria.

Catolicismo — O que tem a dizer Vossa Alteza sobre a reação dos portugueses católicos diante da invasão das hordas revolucionárias francesas?




Dom Luiz — Os portugueses católicos reagiram heroicamente diante do invasor. Começaram por uma guerrilha, que logo se transformou numa tropa regular. Auxiliados por forças inglesas, infligiram aos exércitos de Bonaparte, na Batalha do Bussaco, a primeira derrota em campo aberto de sua história. As forças anglo-lusas, muito ajudadas pela feroz guerrilha espanhola, continuaram a luta até a expulsão dos franceses da Península Ibérica.

Catolicismo — Fazendo abstração do fato de Vossa Alteza ser descendente e sucessor dinástico de Dom João, e apenas considerando a perspectiva histórica: na opinião de Vossa Alteza, qual a grande qualidade e qual a grande carência de Dom João?




Dom Luiz — A meu ver, as grandes qualidades de Dom João foram o seu excepcional descortino político e a sua sagacidade benévola e benfazeja. Uma de suas carências foi a falta de talento militar. Um Dom Pedro I teria mandado a Família para o Brasil, tomando a frente da resistência contra o invasor. Entretanto, é preciso ponderar que Dom João deve ter tomado em consideração, para agir como agiu, o fato de saber que o fermento da Revolução Francesa também se encontrava no Brasil; e que, permanecendo em Portugal, ele se arriscava a perder aquilo que era o maior florão de seus domínios. O que aconteceu com a América Espanhola parece lhe dar razão...

Catolicismo — Pedimos licença para duas perguntas bem pessoais: Se Vossa Alteza estivesse no lugar de Dom João, como teria agido quando da invasão napoleônica? E como teria agido no Brasil?




Dom Luiz — Não é fácil responder à primeira pergunta, pois entraram então em jogo muitos fatores que, à distância, não se pode julgar com segurança. Mas no Brasil, eu creio que teria agido como ele.

Catolicismo — Por fim, uma última pergunta de ordem pessoal: quais as qualidades de Dom João VI e Dom Pedro I que Vossa Alteza mais preza e mais deseja possuir e cultivar em si?




Dom Luiz — De Dom João VI, eu quereria ter as qualidades que já citei. De Dom Pedro I, o arrojo e a coragem política e militar.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Dom João VI





As responsabilidades podem pegar o homem de surpresa. Por vezes podem até sobrepôr-se à vontade própria.


De fato, quando reinava Dona Maria I, a Piedosa, a mãe que lhe educara nos bons princípios da fé e da moral católica, Dom João não tinha sobre si muitas reponsabilidades, mas tendo se adoentado o irmão, logo teve que casar-se com Dona Carlota Joaquina, isto em 1785, para assegurar a perpetuidade da dinastia. Sacrificou uma possível vocação religiosa pela qual abdicaria do trono, mas as precauções dos pais estavam certas, já que em 1788, seu irmão mais velho, dom José, falece de varíola. Não menos de 11 anos depois, Dona Maria, quiçás debilitada pelo medo de uma revolução em Portugal, tal qual a da França, que lhe ceifou a amiga Maria Antonieta, foi declarada incapaz de governar. Viu-se assim Dom João, com um verdadeiro império sob sua responsabilidade.


Desde que consolidara uma prole numerosa que garantiria o futuro do trono, Dom João, Regente de Portugal, fez do palácio de Queluz a moradia de sua esposa, Dona Carlota, e das crianças que não convinha separar da mãe. Para si, o Palácio de Mafra era residência perfeita. Construído com a madeira do Brasil, encrustado com jóias e pedras preciosas especificamente vindas de Minas Gerais, este palácio à 30 quilômetros de Lisboa, servia de sede do governo, convento e igreja.

Sim. Por necessidade ele se casara para dar à pátria um herdeiro. Tendo morido seu primogénito om menos de um ano, uma prole de cinco rebentos vivos, frutos de 9 gestações, já era suficiente para doravante ele não ter mais com que se preocupar, a não ser educá-los. Podia então dedicar-se à religião, assitir três missas por dia, como seu costume, cantar todas as horas litúrgicas com os monges do palácio de Mafra, e, como regente, resolver os assuntos do Estado, sempre bem estudados e aprofundados diante do Santíssimo, de cuja presença o regente não se esquivara para cumprir as obrigações políticas.


Dentre as preocupações políticas, havia uma que não deve ter deixado de passar pela cabeça do rei: aliar-se a Napoleão, e ver Portugal invadida pelos ingleses, ou lutar junto dos ingleses e ver Portugal invadida pela França? Em ambos os casos perderia o trono. Haveria uma opção? Tomemos as palavras do historiador pernambucano Manoel Oliveira Lima, e vejamos o que se passava na Europa em 1807: "O rei da Espanha mendigando em solo francês a proteção de Napoleão; o rei da Prússia foragido de sua capital ocupada pelos soldados franceses; o (...) quase rei da Holande refugiado em Londres; o Rei das Duas Sicílias exilado de sua lina Nápoles; as dinastias da Toscana e Parma, errantes; (...) o czar em Petersburgo; a Escandinávia prestes a implorar um herdeiro dentre os marechais de Bonaparte; o imperador do Sacro Império e o próprio Pontífice Romano obrigados de quando em vez a deixar seus tronos (...) eternos e intangíveis." Não era preciso muita inteligência para saber, que resistir a Napoleão, era uma pretensão insana, que ameaçava a continuação do trono dos Bragança. Por outro lado, ele poderia aliar-se, já que não podia resistir-lhe.

Mas, que representava aliar-se a Napoleão, o usurpador do trono francês, que arrancara a coroa das mãos do papa, e usado pelos maçons exportava a revolução e o liberalismo para toda Europa? Sim! Dom João VI, era anti-maçonaria. Pra se ter uma idéia, no seu governo, o Chefe de Polícia, Diogo Inácio da Pina Manique, continuou a política de sua mãe, Maria I, mandando prender maçons, fechar as lojas das sociedades secretas e proibindo a entrada de livros liberais. Manique foi investido por Dom Joçao com poderes de intendente-geral, desembargador, e adminsitrador da alfandega de Lisboa. E sob auspício de Dom João, dava á polícia as seguintes instruções: Aquele que você vir de sapatinho bicudo e muito brilhante, colarinho até meia orelha, cabelo rente na nuca e avolumado até a moleira, com suiças até os cantos da boca, garre-o logo, tranque-o na cadeia carregado de ferros, até que haja navio para o Limoeiroé iluminado ou pedreiro-livre." Limoeiro éra o nome da prisão em Lisboa, destianda exclusivamente a maçons e iluministas. Qualquer simpatizante das idéias francesas era alvo da perseguição implacável de Manique sob ordem dos Bragança (Dona Maria I, e Dom João).


Mas, aliar-se à Inglaterra? Um país cismático, protestante; não é isso errado tanto quanto seria aliar-se à Napoleão? Bom... dois pontos: Terá sido errado que Inocêncio XI, beatificado por Pio XII, tenha preferido ajudar financeiramente a Guilherme de Orange e Maria II, a derrubar Jaime II, que era católico? Tavez porque o papa preferisse uma Rainha que manteria a Inglaterra como um país monárquico, do que um rei que sendo católico, levaria o país à ruína e à uma possível república. Diante de tais possibilidades, era melhor um monarca protestante do que uma república. Segundo: Pio VII havia se pronunciado sobre o bloqueio continental à Inglaterra, e foi desfavorável à essa medida de Napoleão.



Diante do ultimato de "ou aderir o bloqueio ou os Bragança jamais reinarão novamente na Europa dentro de dois meses", sabendo que não era pecado fazer aliança puramente polítca com uma nação cismática, além do que, a aliança com Inglaterra existia desde que D. Afonso Henriques de Borgonha, pai do primeiro Rei de Portugal, recebeu ajuda de Ricardo Coração de Leão contra os mouros, consolidando-se com o casamento de Felipa de Lancaster com D. joão I, Mestre de Avis, e diante das ameaças de Napoleão, contra o qual era inútil lutar, o melhor era usar da terceira opção que ele secretamente tinha.



Há mais de 200 anos era plano estudado pelas cortes uma eventual fuga da família Real ao Brasil, donde poderia governar com pleno poder. Não foi uma to de covardia, e sim um plano cuidadosamente planejado. Dom João não era covarde, apenas sabia que "ninguém está obrigado ao heroísmo pra se salvar", como diz Santo Tomás.



Ele não tinha medo de manter as políticas do Chefe de Polícia, mas para não estragar seus palnos de enganar Napoleão, despediu Manique, isso foi em 1807, às vésperas de tomar a decisão final. Despedindo Manique, Napoleão pensaria que logo Portugal seria aliado da França. Foi uma rdil que não implica em mudança de idéias. Foi em 30 de novembro que Dom João mudou-se com toda a família Real para o Brasil, chegando aqui em janeiro de 1808, Napoleão se lembraria dele nas memórias escritas no exílio da Ilha de Santa Helena, dizendo: "Foi o único que me enganou."



As políticas anti-maçõnicas, anti-revolucionárias e anti-liberais de Dom João continuariam aqui no Brasil. Já deixara um governador inglês para amnter Portugal livre de Napoleão, e em um reprochhe audaz, deu ao Príncipe do Brasil, um brasão de armas com escudo inglês e, louros, tal qual os da Vendeia. Sim. Dom João conhecia a Vendeia, como toda a Europa conheceu desde que Athanase de la Charrette passou a se correponder com Luiz XVIII. Não é de admirar que quando trouxe a missão artística, tenha pedido a Debret um brasão semelhante ao usado pela "Armée Royale et Catholique". Mas, não é o brasão apenas que nos faz pensar que ele repreendia Napoleão... Dom João aborrecia o liberalismo e a revolução. Quando sua mãe morreu, tendo sido corado Rei do Brasil, Portugal e Algarves com o nome de Dom João VI, tão logo pôs a cora na cabeça teve que reprimir os maçons de Pernambuco que queriam proclamar uma república e a independência, isso lá em 1816.



Ele era sagaz, e sabia que a independência, a emancipação, era um processo natural até. Foi assim que a Europa foi se formando, com a independência de Portugal, da França, de Nápoles como braços vassalos e por fim autónomos do Império Romano Germânico. Percebendo no entanto que a maçonaria e os liberais iriam proclamar republiquetas e ameaçariam a soberania e a unidade da colónia, ele preferiu programar a independência, e deixou instruções claras a seu filho quando partiu para Portugal em 1821: "Meu filho toma a coroa, antes que a tomem de ti estes aventureiros."



Não foi de todo errado, aliás, não foi nenhum pouco errado, quando Dom Pedro I, cumpriu as ordens do pai e proclamou a independência em idos de Setembro de 1822.



Não temos que nos corar de uma independência tão bem planejada e dada por um monarca católico, perseguidor da maçonaria e zombador de Napoleão. Independência que sua mulher invejou e até tentou dar à Argentina (parece-nos que chegou a trocar correspondência com San Martín, para fazer-se rainha da Argentina. Na qualidade de irmã de Fernando VII, seria até mais natural se assim a Argentina conseguisse sua emancipação); independência que Dom Pedro I tentou contribuir que se desse ao México, quando entregou sua filha como consorte a Maximiliano I; independência que até Garcia Moreno queria imitar, sim Garcia Moreno, era monarquista, e queria um herdeiro de Carlos IV para o reino do Equador.



Se foi à Portugal jurar á Constituição, tampouco pecou... Luiz XVI também jurara uma Constituição... pouco antes da Revolução proclamar a República. quiçás ele pensasse que ia ao matadouro, tal qual o mesmo Luiz XVI quando voltara de Versailles para Paris. Assim Dom João VI ia como ovelha ao sacríficio pensando que ia encontrar o mesmo destino. Mas sobre constituição e constitucionalismo, e o que se passou lá em Portugal com a volta do Brasil, falaremos quando discorrermos sobre Dom Pedro I.


_______________________________


"1808", Laurentino Gomes, Editora Planeta, 2009, 3º edição.


O autor, que não é historiador, apenas reforça os preconceitos históricos gerados pela maçonaria, tachando o rei de obscurantista, medroso, glutão, indeciso, carola e demais lugares comuns em voga. Contudo, resgatou citações preciosas apra este artigo, aqui colocadas entre parêntesis. Foram tiradas das páginas 62, 80 e 282.