Mas, aliar-se à Inglaterra? Um país cismático, protestante; não é isso errado tanto quanto seria aliar-se à Napoleão? Bom... dois pontos: Terá sido errado que Inocêncio XI, beatificado por Pio XII, tenha preferido ajudar financeiramente a Guilherme de Orange e Maria II, a derrubar Jaime II, que era católico? Tavez porque o papa preferisse uma Rainha que manteria a Inglaterra como um país monárquico, do que um rei que sendo católico, levaria o país à ruína e à uma possível república. Diante de tais possibilidades, era melhor um monarca protestante do que uma república. Segundo: Pio VII havia se pronunciado sobre o bloqueio continental à Inglaterra, e foi desfavorável à essa medida de Napoleão.
Diante do ultimato de "ou aderir o bloqueio ou os Bragança jamais reinarão novamente na Europa dentro de dois meses", sabendo que não era pecado fazer aliança puramente polítca com uma nação cismática, além do que, a aliança com Inglaterra existia desde que D. Afonso Henriques de Borgonha, pai do primeiro Rei de Portugal, recebeu ajuda de Ricardo Coração de Leão contra os mouros, consolidando-se com o casamento de Felipa de Lancaster com D. joão I, Mestre de Avis, e diante das ameaças de Napoleão, contra o qual era inútil lutar, o melhor era usar da terceira opção que ele secretamente tinha.
Há mais de 200 anos era plano estudado pelas cortes uma eventual fuga da família Real ao Brasil, donde poderia governar com pleno poder. Não foi uma to de covardia, e sim um plano cuidadosamente planejado. Dom João não era covarde, apenas sabia que "ninguém está obrigado ao heroísmo pra se salvar", como diz Santo Tomás.
Ele não tinha medo de manter as políticas do Chefe de Polícia, mas para não estragar seus palnos de enganar Napoleão, despediu Manique, isso foi em 1807, às vésperas de tomar a decisão final. Despedindo Manique, Napoleão pensaria que logo Portugal seria aliado da França. Foi uma rdil que não implica em mudança de idéias. Foi em 30 de novembro que Dom João mudou-se com toda a família Real para o Brasil, chegando aqui em janeiro de 1808, Napoleão se lembraria dele nas memórias escritas no exílio da Ilha de Santa Helena, dizendo: "Foi o único que me enganou."
As políticas anti-maçõnicas, anti-revolucionárias e anti-liberais de Dom João continuariam aqui no Brasil. Já deixara um governador inglês para amnter Portugal livre de Napoleão, e em um reprochhe audaz, deu ao Príncipe do Brasil, um brasão de armas com escudo inglês e, louros, tal qual os da Vendeia. Sim. Dom João conhecia a Vendeia, como toda a Europa conheceu desde que Athanase de la Charrette passou a se correponder com Luiz XVIII. Não é de admirar que quando trouxe a missão artística, tenha pedido a Debret um brasão semelhante ao usado pela "Armée Royale et Catholique". Mas, não é o brasão apenas que nos faz pensar que ele repreendia Napoleão... Dom João aborrecia o liberalismo e a revolução. Quando sua mãe morreu, tendo sido corado Rei do Brasil, Portugal e Algarves com o nome de Dom João VI, tão logo pôs a cora na cabeça teve que reprimir os maçons de Pernambuco que queriam proclamar uma república e a independência, isso lá em 1816.
Ele era sagaz, e sabia que a independência, a emancipação, era um processo natural até. Foi assim que a Europa foi se formando, com a independência de Portugal, da França, de Nápoles como braços vassalos e por fim autónomos do Império Romano Germânico. Percebendo no entanto que a maçonaria e os liberais iriam proclamar republiquetas e ameaçariam a soberania e a unidade da colónia, ele preferiu programar a independência, e deixou instruções claras a seu filho quando partiu para Portugal em 1821: "Meu filho toma a coroa, antes que a tomem de ti estes aventureiros."
Não foi de todo errado, aliás, não foi nenhum pouco errado, quando Dom Pedro I, cumpriu as ordens do pai e proclamou a independência em idos de Setembro de 1822.
Não temos que nos corar de uma independência tão bem planejada e dada por um monarca católico, perseguidor da maçonaria e zombador de Napoleão. Independência que sua mulher invejou e até tentou dar à Argentina (parece-nos que chegou a trocar correspondência com San Martín, para fazer-se rainha da Argentina. Na qualidade de irmã de Fernando VII, seria até mais natural se assim a Argentina conseguisse sua emancipação); independência que Dom Pedro I tentou contribuir que se desse ao México, quando entregou sua filha como consorte a Maximiliano I; independência que até Garcia Moreno queria imitar, sim Garcia Moreno, era monarquista, e queria um herdeiro de Carlos IV para o reino do Equador.
Se foi à Portugal jurar á Constituição, tampouco pecou... Luiz XVI também jurara uma Constituição... pouco antes da Revolução proclamar a República. quiçás ele pensasse que ia ao matadouro, tal qual o mesmo Luiz XVI quando voltara de Versailles para Paris. Assim Dom João VI ia como ovelha ao sacríficio pensando que ia encontrar o mesmo destino. Mas sobre constituição e constitucionalismo, e o que se passou lá em Portugal com a volta do Brasil, falaremos quando discorrermos sobre Dom Pedro I.
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"1808", Laurentino Gomes, Editora Planeta, 2009, 3º edição.
O autor, que não é historiador, apenas reforça os preconceitos históricos gerados pela maçonaria, tachando o rei de obscurantista, medroso, glutão, indeciso, carola e demais lugares comuns em voga. Contudo, resgatou citações preciosas apra este artigo, aqui colocadas entre parêntesis. Foram tiradas das páginas 62, 80 e 282.
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