sábado, 31 de dezembro de 2011
O ERRO DO IBERISMO
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
CARTA APOSTÓLICA DE SS. LEÃO XIII À PRINCESA ISABEL
Para te apresentarmos porém esse testemunho, nenhuma oportunidade mais favorável podia dar-se, conforme entendemos, do que a atual. Com efeito, novo esplendor acaba de realçar ainda mais os Teus louvores por ocasião da Lei que aí foi recentemente decretada e por Tua Alteza Imperial sancionada, relativa àqueles que, achando-se nesse Império Brasileiro, sujeitos à condição servil, adquiriram em virtude da mesma lei a dignidade e os direitos de homens livres.
Assim, pois, muito amada em Cristo Filha Nossa, Nós te enviamos de mimo a Rosa de Ouro que, ao pé do altar, consagramos com a prece apostólica e os demais ritos sagrados, consoante a usança antiga de Nossos Predecessores.
Por esta razão investimos do caráter de Nosso Delegado apostólico ao amado Filho Francisco Spolverini, Nosso Prelado Doméstico e Protonotário Apostólico, que exerce as funções de Internúncio e de Enviado extraordinário Nosso e desta Santa Sé, junto ao muito amado em Cristo Filho Nosso Pedro II Imperador do Brasil, e na ausência dele junto à Tua Alteza Imperial, com o fim de levar-Te a referida Rosa e de exercer o honrosíssimo ministério de fazer-Te a tradição dela, observando as sagradas cerimônias do estilo.
Nesse mimo, porém, que Te ofertamos, é desejo Nosso que Tua Alteza Imperial não olhe para o preço do objeto e seu valor, mas atenda aos mais sagrados mistérios por ele significados. Assim é que nessa flor e no esplendor do ouro se manifesta Jesus Cristo e sua suprema Majestade. É Ele que se denomina a flor do campo e o lírio dos vales. Na fragrância da mesma flor se exibe um símbolo do bom odor de Cristo, que ao longe rescendem todos os que cuidadosamente imitam as suas virtudes.
Daí é impossível que o aspecto deste mimo não inflame cada vez mais o Teu zelo em respeitar a religião e em trilhar a vereda árdua, sim, mas esplêndida da virtude.
No entanto, implorando toda a sorte de prosperidades e venturas para Ti, e todo o Império Brasileiro, muito afetuosamente no Senhor outorgamos a Benção Apostólica a Ti, muito amada em Cristo Filha Nossa, e à Tua Imperial Família.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
SUBSIDIARIDADE
RETRATATIO
sábado, 24 de dezembro de 2011
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
ALVARÁ DE DOM JOÃO VI CONTRA A MAÇONARIA
Alvará Real de 30 de Março de 1818
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Oremus pro Cristianissimo Imperatore Nostro Petro
Monteiro Lobato (publicado originalmente na Revista do Brasil, n 36, págs;387/391 -Edição de Dezembro de 1918, Vol. IX - Ano III, e novamente postada pelo Círculo Monárquico de Aracajú).
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Morte de D. Pedro II e de D.Isabel.
D.Pedro II:À cabeceira do leito modesto onde jazia, magro, o corpo comprido, as barbas muito brancas, empastadas sobre o peito, sua querida Isabel, Gaston, os netinhos e alguns poucos dos últimos fiéis choravam em silêncio o fim daquela grande e nobre vida. À noite, por volta das dez horas, ele teve um momento de consciência, justamente quando o Cura da Madalena lhe administrava a extrema-unção. Mas logo depois caía novamente em prostração. A respiração foi-se fazendo cada vez mais lenta e imperceptível. O pulso mais fraco. Sua bela cabeça branca pendia brandamente sobre o ombro esquerdo. Os olhos, semi-cerrados, apagavam-se. A respiração, já agora, era quase nenhuma, ia aos poucos sumindo. Até que silenciosamente, suavemente, sem um gemido, sem uma contração, como um justo que era, ele rendeu no silêncio daquela triste madrugada de exílio, a sua grande alma ao Criador".
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
VERITAS IPSA
Paulo Evaristo "Woolf"
sábado, 15 de outubro de 2011
Entrevista com D. Luiz sobre os 200 anos da chegada da Família Real Portuguesa
Catolicismo — Qual a importância histórica e o significado mais profundo da vinda da Família Real portuguesa para o Brasil?
Catolicismo — Fala-se geralmente que o Príncipe Regente Dom João e a Família Real fugiram para o Brasil. Está correto isso? Ou a realidade histórica é diferente?
Dom Luiz — A consciência de que o Brasil, pelo seu tamanho e pelas suas riquezas, teria um papel de primeira plana no império português, existiu desde o século XVII. Isso se vê no fato de que, a partir da ascensão ao trono da dinastia de Bragança, em 1640, o herdeiro imediato da Coroa tinha o título de Príncipe do Brasil. Cogitou-se desde o fim do século XVII em transferir para a América a capital do império luso, a fim de afastá-la das turbulências européias e, ao mesmo tempo, pô-la num lugar a partir do qual fossem mais fáceis e rápidas as comunicações com a África e a Ásia. O Rio de Janeiro tornara-se escala obrigatória para os navios rumo ao Oriente, e as possessões africanas foram muitas vezes administradas, desde o século XVIII, por governadores gerais e vice-reis do Brasil.
Quando se apresentou para Portugal a ameaça de uma invasão napoleônica, o então Príncipe Regente Dom João viu que era o momento de concretizar o velho plano, para poupar à Dinastia a sorte de tantas outras Casas reinantes espoliadas pelo tirano corso. A fim de ter tempo para preparar a transferência, Dom João aparentou longa indecisão entre a aliança inglesa e a francesa. Era preciso armar e preparar toda uma esquadra, encaixotar todo o necessário para a vida da corte e o funcionamento do governo na nova capital. Móveis, baixelas, obras de arte, biblioteca, arquivos, tesouro nacional, mil coisas diversas. O Príncipe Regente conseguiu, com sua aparente abulia, despistar magistralmente Napoleão. A ponto de este, em suas memórias redigidas no exílio de Santa Helena, se manifestar ressentido contra o “único soberano que o ludibriara”.
Dom Luiz — O principal efeito foi que a nossa emancipação, pela virtude da Monarquia, se deu sem o País se fracionar em várias repúblicas, ao contrário da Hispano-América. O Brasil permaneceu uno. Durante os primeiros 67 anos de independência, foi poupado de muitas das turbulências políticas que assolaram nossos vizinhos, com golpes de estado, revoluções, ditadores populistas, etc. Após a proclamação da República, infelizmente, enveredamos também por essas brenhas...
Catolicismo — Estaria correto ou é exagerado dizer que Dom João VI assentou as bases do império brasileiro?
Dom Luiz — É inteiramente exato! Segundo o historiador Oliveira Lima, o Príncipe Regente Dom João veio para o Brasil com o intuito de formar aqui um grande império. Mal chegou ao Brasil, aquele homem aparentemente abúlico e indeciso tomou uma série de medidas fundamentais para isso. Basta citar que, no mês que passou na Bahia de 22 de janeiro a 26 de fevereiro, antes de desembarcar definitivamente no Rio de Janeiro, já decretara a abertura dos portos ao comércio internacional, aprovara a formação da primeira Escola de Medicina do Brasil e os estatutos da primeira companhia de seguros, concedera a licença para a construção de uma fábrica de vidro e outra de pólvora. Além disso, ordenara abrir estradas, encomendara um plano de fortificação e defesa da Bahia e a formação de dois esquadrões de cavalaria e um de artilharia. Não é razoável supor que todas essas medidas, que tiveram tantas conseqüências benéficas a longo prazo, tenham sido decididas na hora, ao sabor dos acontecimentos, sem que tivesse havido um planejamento anterior, um projeto político preexistente.
Já no Rio de Janeiro, dois dias depois de desembarcar a 8 de março, Dom João organizou o governo. O Ministério compunha-se de: Negócios Estrangeiros e da Guerra, com D. Rodrigo de Sousa Coutinho, futuro Conde de Linhares; Negócios do Reino, com D. Fernando José de Portugal, que seria feito Marquês de Aguiar; e Negócios da Marinha e do Ultramar, com D. João Rodrigues de Sá e Meneses, Visconde de Anadia.
No afã de criar as estruturas do País, Dom João ainda editou o regulamento da Administração Geral dos Correios, criou uma Escola Superior de Técnicas Agrícolas, um laboratório de estudos e análises químicas, a Academia dos Guardas-Marinha, a Academia Real Militar, que incluía Engenharia Civil e Mineração, a Impressa Régia. Estabeleceu, além disso, o Supremo Conselho Militar e de Justiça, o Arquivo Militar, o Tribunal da Mesa do Desembargo do Paço e da Consciência e Ordens, ou seja, o Judiciário independente no Brasil, a Intendência Geral de Polícia, o Erário Régio, o Conselho da Fazenda, o Corpo da Guarda Real. Mais tarde seriam criados o Banco do Brasil, a Biblioteca Nacional, o Museu Nacional, o Real Teatro de São João e o Jardim Botânico, este último com a finalidade de aclimatar no Brasil espécies vegetais oriundas da África e Ásia.
As regiões mais distantes foram exploradas e mapeadas, e Oliveira Lima relata que o Príncipe Regente mandou pôr marcos de pedra em todas as nossas fronteiras, das Guianas à Argentina. Esses marcos serviriam muito mais tarde, já na República, para calçar as negociações de limites com nossos vizinhos, levadas a cabo pelo Barão do Rio Branco.
Cabe ainda lembrar que em 1815, já como Rei com o título de D. João VI, elevou o Brasil a Reino Unido com Portugal e Algarves. Com isso, politicamente ficava o Brasil emancipado de Portugal e equiparado à antiga mãe-pátria.
Dom João realmente deu ao Brasil as instituições políticas, judiciárias, militares, culturais e econômicas fundamentais para um país independente e soberano.
Catolicismo — Vossa Alteza sempre teve muito interesse pelos estudos históricos, e certamente terá conversado sobre esses temas com o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, ilustre catedrático e mestre de História. Lembra-se de algum comentário dele sobre a vinda da Família Real para o Brasil?
Dom Luiz — Lembro-me especialmente de ouvi-lo comentar o modo como a Família Real foi recebida no Brasil. Nosso povo, muito afetivo, estava encantado de ter um rei na sua terra, e portanto o recebeu muito bem. Já na Bahia, estava tudo preparado: o Vice-Rei, as autoridades militares, o Bispo da Bahia e Primaz do Brasil, acompanhado de todo o cabido e do clero, com a relíquia do Santo Lenho para o Príncipe se ajoelhar e adorar logo que chegasse. Os sinos começariam a repicar, e uma procissão acompanhá-lo-ia até o Palácio da cidade.
Quando Dom João desembarcou, foi recebido por todos, mesmo pelos negros, já então muito numerosos na Bahia. Os sinos tocavam. Ele desceu em terra, e a primeira coisa que fez foi ajoelhar-se e receber a bênção do Bispo. Cantou-se o “Te Deum” pela feliz chegada da Família Real. Nunca um soberano tinha pisado nas três Américas, e Dom João, que ainda não era soberano, era somente Príncipe Regente em nome de sua mãe Da. Maria I, ficou encantadíssimo de ver um povo tão bom. A coisa se passou às mil maravilhas!
No Rio de Janeiro, a festa foi ainda maior.
Segundo afirmou o Dr. Plínio, ele era um governante segundo um sistema de que gostam os brasileiros: pomposo, autêntico, legítimo, mas com uns lados muito familiares. Tratava as pessoas muito bem, com muita cordialidade, muita bondade e muita gentileza. Era mesmo muito simples, muito lhano no seu modo de viver.
Catolicismo — Na opinião de Vossa Alteza, o Rei Dom João VI fez bem em voltar para Portugal? Ou teria sido melhor permanecer no Brasil?
Dom Luiz — Dom João VI queria permanecer no Brasil. Seu plano era estabelecer permanentemente a capital do império lusitano no Rio de Janeiro, pois previa que o Brasil tornar-se-ia forçosamente a parte mais importante dele, por seu tamanho, sua população e suas riquezas naturais. Além disso, ele gostava imensamente do Brasil, de seu povo e de suas paisagens. A ilha de Paquetá, na Baía de Guanabara, era para ele uma espécie de paraíso onde podia descansar das preocupações de governante. Só voltou a Portugal forçado por uma revolução liberal em Lisboa, que punha em risco a preservação da Monarquia lusa na Europa –– e também, seja dito de passagem, a unidade do Brasil como nação. Pois as Cortes de Lisboa ameaçavam dividir nosso País em várias províncias diretamente administradas por Lisboa, ou seja, rebaixar ao status anterior um território que já era Reino autônomo.
Entretanto, ao deixar o Rio de Janeiro, Dom João VI aconselhou ao seu filho primogênito que aqui deixava com Regente: “Pedro, mais cedo ou mais tarde o Brasil se tornará independente. Toma tu a Coroa antes que um aventureiro o faça”. Com isso D. João nos legou a continuidade monárquica, e também a unidade e a grandeza continental de nossa Pátria.
Em Portugal, Dom João conseguiu retomar logo o poder que estava sendo usurpado pelas Cortes e restabelecer as prerrogativas da Coroa, mas morreu pouco depois, ao que tudo indica, envenenado com arsênico por seus inimigos.
Catolicismo — Muitos autores fazem críticas pessoais, e até caricatas, a Dom João VI. Mas historiadores sérios como Oliveira Lima, e estrangeiros insuspeitos como Thomas O´Neill e o próprio Bonaparte, parecem considerar Dom João como um homem excepcional, de grande sabedoria, envergadura política e tino administrativo. O que pensa Vossa Alteza a respeito?
Dom Luiz — Estou convencido da veracidade dessa apreciação favorável. Toda a obra dele nos dá testemunho disso. É lamentável que, a partir da República, uma campanha sistemática de detração no-lo tenha apresentado, inclusive em livros escolares, como um homem desfibrado, indeciso, mole e glutão.
Contudo, apesar dessa campanha desfavorável, no subconsciente dos brasileiros a verdadeira imagem de Dom João permaneceu como tendo sido um rei grande, muito popular e simpático.
Catolicismo — Do ponto de vista do refinamento cultural e social, qual foi o papel de Dom João e da Família Real portuguesa na formação das elites brasileiras?
Dom Luiz — Foi enorme. O escritor Laurentino Gomes – a meu ver, falho em diversos aspectos – registra insuspeitamente que o tônus de vida aumentou muito no Rio de Janeiro, com a presença da Família Real. Um sintoma disso é que “o comércio, que [antes] só vendia escravos e cavalos, passou a oferecer pianos, livros, tecidos de linho, lenços de seda, champanhe, água de colônia, leques, luvas, vasos de porcelana, quadros, relógios e uma infinidade de outras mercadorias importadas”.
Não podia ser de outra maneira. A ação de presença da Corte só podia atrair para o Rio as famílias mais abastadas e estimulá-las no afã de melhorar seu modo de vida. Com isso, por via de conseqüência, o tônus de vida de toda a população teve substancial melhoria.
Acresce que Dom João atraiu para o Brasil missões artísticas e culturais da França e de outros países da Europa. Mais tarde Dona Leopoldina viria acompanhada de outras, especialmente da Áustria e da Alemanha.
Catolicismo — Na opinião de Vossa Alteza, Dom João VI chegou a vislumbrar algo da missão providencial do Brasil como continuador no Novo Mundo das tradições e glórias de Portugal?
Dom Luiz — Creio que sim. O fato de ele ter querido que seu herdeiro se casasse com uma arquiduquesa da Áustria mostra que considerava o futuro soberano do império luso, com capital no Rio de Janeiro, com suficiente nível para se unir com uma filha da mais alta Casa reinante da Cristandade, e portanto do mundo inteiro.
Catolicismo — É verdade que, quando Dom João chegou ao Brasil, mandou invadir a Guiana Francesa como represália à agressão napoleônica, e em conseqüência disso o território do atual Estado do Amapá pertence ao Brasil?
Dom Luiz — De fato, ao chegar ao Brasil, Dom João mandou invadir a Guiana Francesa. Nosso Corpo de Fuzileiros Navais foi criado para essa missão. O Príncipe Regente previa importantes negociações internacionais após a queda de Napoleão, a fim de reordenar o mundo convulsionado pelo tirano corso. Queria ter então moeda de troca, e só devolveu a Guiana quando a França desistiu de ter fronteiras nas margens do rio Amazonas.
É preciso dizer que Dom João VI tinha na Europa três diplomatas de primeira ordem: o Marquês de Marialva, junto à Corte de Viena, que negociou o casamento de Dom Pedro com Dona Leopoldina e defendeu os nossos interesses no Congresso de Viena, juntamente com o Conde de Palmela, que normalmente ficava em Londres. Além desses dois, havia também um Senhor Britto, baiano de nascença, que em Paris deixava exasperado o Duque de Richelieu, ministro de Luís XVIII, por causa da habilidade com que conseguia vantagens para Portugal em todas as negociações.
Esses três diplomatas podiam dar o melhor de si, mesmo porque se sabiam apoiados por um rei inteligente, sagaz, com grande visão política, muito esperto, e que sabia o que queria.
Catolicismo — O que tem a dizer Vossa Alteza sobre a reação dos portugueses católicos diante da invasão das hordas revolucionárias francesas?
Dom Luiz — Os portugueses católicos reagiram heroicamente diante do invasor. Começaram por uma guerrilha, que logo se transformou numa tropa regular. Auxiliados por forças inglesas, infligiram aos exércitos de Bonaparte, na Batalha do Bussaco, a primeira derrota em campo aberto de sua história. As forças anglo-lusas, muito ajudadas pela feroz guerrilha espanhola, continuaram a luta até a expulsão dos franceses da Península Ibérica.
Catolicismo — Fazendo abstração do fato de Vossa Alteza ser descendente e sucessor dinástico de Dom João, e apenas considerando a perspectiva histórica: na opinião de Vossa Alteza, qual a grande qualidade e qual a grande carência de Dom João?
Dom Luiz — A meu ver, as grandes qualidades de Dom João foram o seu excepcional descortino político e a sua sagacidade benévola e benfazeja. Uma de suas carências foi a falta de talento militar. Um Dom Pedro I teria mandado a Família para o Brasil, tomando a frente da resistência contra o invasor. Entretanto, é preciso ponderar que Dom João deve ter tomado em consideração, para agir como agiu, o fato de saber que o fermento da Revolução Francesa também se encontrava no Brasil; e que, permanecendo em Portugal, ele se arriscava a perder aquilo que era o maior florão de seus domínios. O que aconteceu com a América Espanhola parece lhe dar razão...
Catolicismo — Pedimos licença para duas perguntas bem pessoais: Se Vossa Alteza estivesse no lugar de Dom João, como teria agido quando da invasão napoleônica? E como teria agido no Brasil?
Dom Luiz — Não é fácil responder à primeira pergunta, pois entraram então em jogo muitos fatores que, à distância, não se pode julgar com segurança. Mas no Brasil, eu creio que teria agido como ele.
Catolicismo — Por fim, uma última pergunta de ordem pessoal: quais as qualidades de Dom João VI e Dom Pedro I que Vossa Alteza mais preza e mais deseja possuir e cultivar em si?
Dom Luiz — De Dom João VI, eu quereria ter as qualidades que já citei. De Dom Pedro I, o arrojo e a coragem política e militar.
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Dom João VI
Mas, aliar-se à Inglaterra? Um país cismático, protestante; não é isso errado tanto quanto seria aliar-se à Napoleão? Bom... dois pontos: Terá sido errado que Inocêncio XI, beatificado por Pio XII, tenha preferido ajudar financeiramente a Guilherme de Orange e Maria II, a derrubar Jaime II, que era católico? Tavez porque o papa preferisse uma Rainha que manteria a Inglaterra como um país monárquico, do que um rei que sendo católico, levaria o país à ruína e à uma possível república. Diante de tais possibilidades, era melhor um monarca protestante do que uma república. Segundo: Pio VII havia se pronunciado sobre o bloqueio continental à Inglaterra, e foi desfavorável à essa medida de Napoleão.
Diante do ultimato de "ou aderir o bloqueio ou os Bragança jamais reinarão novamente na Europa dentro de dois meses", sabendo que não era pecado fazer aliança puramente polítca com uma nação cismática, além do que, a aliança com Inglaterra existia desde que D. Afonso Henriques de Borgonha, pai do primeiro Rei de Portugal, recebeu ajuda de Ricardo Coração de Leão contra os mouros, consolidando-se com o casamento de Felipa de Lancaster com D. joão I, Mestre de Avis, e diante das ameaças de Napoleão, contra o qual era inútil lutar, o melhor era usar da terceira opção que ele secretamente tinha.
Há mais de 200 anos era plano estudado pelas cortes uma eventual fuga da família Real ao Brasil, donde poderia governar com pleno poder. Não foi uma to de covardia, e sim um plano cuidadosamente planejado. Dom João não era covarde, apenas sabia que "ninguém está obrigado ao heroísmo pra se salvar", como diz Santo Tomás.
Ele não tinha medo de manter as políticas do Chefe de Polícia, mas para não estragar seus palnos de enganar Napoleão, despediu Manique, isso foi em 1807, às vésperas de tomar a decisão final. Despedindo Manique, Napoleão pensaria que logo Portugal seria aliado da França. Foi uma rdil que não implica em mudança de idéias. Foi em 30 de novembro que Dom João mudou-se com toda a família Real para o Brasil, chegando aqui em janeiro de 1808, Napoleão se lembraria dele nas memórias escritas no exílio da Ilha de Santa Helena, dizendo: "Foi o único que me enganou."
As políticas anti-maçõnicas, anti-revolucionárias e anti-liberais de Dom João continuariam aqui no Brasil. Já deixara um governador inglês para amnter Portugal livre de Napoleão, e em um reprochhe audaz, deu ao Príncipe do Brasil, um brasão de armas com escudo inglês e, louros, tal qual os da Vendeia. Sim. Dom João conhecia a Vendeia, como toda a Europa conheceu desde que Athanase de la Charrette passou a se correponder com Luiz XVIII. Não é de admirar que quando trouxe a missão artística, tenha pedido a Debret um brasão semelhante ao usado pela "Armée Royale et Catholique". Mas, não é o brasão apenas que nos faz pensar que ele repreendia Napoleão... Dom João aborrecia o liberalismo e a revolução. Quando sua mãe morreu, tendo sido corado Rei do Brasil, Portugal e Algarves com o nome de Dom João VI, tão logo pôs a cora na cabeça teve que reprimir os maçons de Pernambuco que queriam proclamar uma república e a independência, isso lá em 1816.
Ele era sagaz, e sabia que a independência, a emancipação, era um processo natural até. Foi assim que a Europa foi se formando, com a independência de Portugal, da França, de Nápoles como braços vassalos e por fim autónomos do Império Romano Germânico. Percebendo no entanto que a maçonaria e os liberais iriam proclamar republiquetas e ameaçariam a soberania e a unidade da colónia, ele preferiu programar a independência, e deixou instruções claras a seu filho quando partiu para Portugal em 1821: "Meu filho toma a coroa, antes que a tomem de ti estes aventureiros."
Não foi de todo errado, aliás, não foi nenhum pouco errado, quando Dom Pedro I, cumpriu as ordens do pai e proclamou a independência em idos de Setembro de 1822.
Não temos que nos corar de uma independência tão bem planejada e dada por um monarca católico, perseguidor da maçonaria e zombador de Napoleão. Independência que sua mulher invejou e até tentou dar à Argentina (parece-nos que chegou a trocar correspondência com San Martín, para fazer-se rainha da Argentina. Na qualidade de irmã de Fernando VII, seria até mais natural se assim a Argentina conseguisse sua emancipação); independência que Dom Pedro I tentou contribuir que se desse ao México, quando entregou sua filha como consorte a Maximiliano I; independência que até Garcia Moreno queria imitar, sim Garcia Moreno, era monarquista, e queria um herdeiro de Carlos IV para o reino do Equador.
Se foi à Portugal jurar á Constituição, tampouco pecou... Luiz XVI também jurara uma Constituição... pouco antes da Revolução proclamar a República. quiçás ele pensasse que ia ao matadouro, tal qual o mesmo Luiz XVI quando voltara de Versailles para Paris. Assim Dom João VI ia como ovelha ao sacríficio pensando que ia encontrar o mesmo destino. Mas sobre constituição e constitucionalismo, e o que se passou lá em Portugal com a volta do Brasil, falaremos quando discorrermos sobre Dom Pedro I.
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"1808", Laurentino Gomes, Editora Planeta, 2009, 3º edição.
O autor, que não é historiador, apenas reforça os preconceitos históricos gerados pela maçonaria, tachando o rei de obscurantista, medroso, glutão, indeciso, carola e demais lugares comuns em voga. Contudo, resgatou citações preciosas apra este artigo, aqui colocadas entre parêntesis. Foram tiradas das páginas 62, 80 e 282.