terça-feira, 14 de agosto de 2012

A PRINCESA DO BRASIL E A RAINHA DO CÉU



Em 1868 estiveram em Aparecida, a Princesa Imperial D. Isabel e seu esposo, o Conde d'Eu. Em 1884 lá voltaram ambos, acompanhados dos seus três filhos, D. Pedro de Alcântara, D. Luiz e D. Antonio. A Princesa ofereceu a Nossa Senhora, na ocasião, uma coroa de ouro cravejada de 40 brilhantes. Essa mesma coroa serviria, a 8 de setembro de 1904, para a coroação solene da Imagem, efetuada por mandado do Papa São Pio X.(1)
Em suas visitas, D. Isabel seguia os passos de seu avô, D. Pedro I, o Fundador da Nacionalidade Brasileira, que lá estivera rezando no dia 22 de agosto de 1822, 16 dias antes da Independência do Brasil, prometendo consagrar o Brasil a Nossa Senhora da Conceição, caso chegasse a bom termo a crise política que então se verificava. (2). Recentemente, em cerimônia amplamente divulgada pela Rede Vida de televisão, procedeu-se a uma nova coroação da Imagem. Portava a Coroa a Princesa D. Isabel, trineta de D. Isabel, sobrinha de D. Luiz, Chefe da Casa Imperial do Brasil, hoje casada com o Conde Alexandre de Stolberg-Stolberg, de família mediatizada, considerada igual às famílias reinantes.

A passagem da Princesa Isabel em Aparecida
Conceição Borges Ribeiro Camargo


A história de Aparecida do Norte é cheia de poesia, e beleza e o passado enfeita o presente, emoldurando com a luz da Fé e do Amor. Trazemos hoje uma página, onde os fatos se encadeiam como elos de uma corrente de ouro guardando a cidade.
“Entre os inúmeros devotos de Nossa Senhora Aparecida, crentes de seu poder de sua magnanimidade, que se ajoelharam aos seus pés, conta-se que esteve o próprio Dom Pedro, quando de sua viagem a São Paulo, em 1822. Afirma-se que ele aqui estivera, fizera as suas preces e com estas o voto de proclamar Nossa Senhora Aparecida Padroeira do Brasil, se corressem à feição os acontecimentos de São Paulo. É bem de assinalar que a proclamação oficial da Independência do Brasil teve exatamente a data de 8 de setembro de 1822, dia de Nossa Senhora. Independentemente de decretos oficiais já hoje ninguém poderá contestar que lhe cabe de direito o título de Padroeira do Brasil, conferido pelo coração da grande maioria dos brasileiros. Qualquer ato governamental seria apenas sanção para o decreto da alma brasileira”. (do discurso do Dr. Wenceslau Braz)
As romarias constituem o aspecto lindo e sentimental do culto a Nossa Senhora Aparecida. Em Aparecida o culto é lírico, místico e cheio de Fé. Romarias cantantes em grupos alegres. Iniciaram-se com a nova dos milagres de Nossa Senhora surgida no rio Paraíba em outubro de 1717 e ecoaram pelas serranias as graças que Ela concedia. E começaram a afluir romarias; poucos peregrinos e depois a pé, a cavalo em tropas, em carros de boi e romarias com sacerdotes, magistrados, Imperador, Altezas Imperiais, religiosos, militares, etc. A Princesa Imperial Dona Isabel esteve visitando Nossa Senhora Aparecida. Temos, por meio de documentos, duas datas, duas visitas da Princesa Isabel à Nossa Senhora Aparecida.
Em “Excursão à Província de São Paulo” de Isabel Condessa d’Eu, há efemérides das viagens do Conde d’Eu na Província de São Paulo. E anotamos: 
1868.
“Regressando com a Princesa Imperial Da. Isabel, de Águas Virtuosas de Campanha, em Minas Gerais, onde foram fazer uso das águas, visitam, a 8 de dezembro, após etapas em vilas paulistas, a então Capela da milagrosa Nossa Senhora da Aparecida, feita padroeira do Império por D,. Pedro I. A 1º de janeiro de 1869, os Condes d’Eu regressam à Corte passando por Taubaté, Pindamonhangaba e Guaratinguetá.”
A passagem por Guaratinguetá de Suas Altezas Dona Isabel e o Conde d’Eu, no dia 7 de dezembro de 1868, está no livro 12 de Vereanças, folha 15 da Câmara dessa cidade, onde o Visconde de Guaratinguetá, Francisco de Assis e Oliveira Borges, comunicava em sessão realizada no dia 3 de novembro: - tem de passar por esta cidade na primeira quinzena do próximo futuro mês Suas Altezas e a Sereníssima Princesa Imperial e seu Augusto Esposo Conde d’Eu – e na comunicação, todas as providências pelo faustoso acontecimento, inclusive “oficiar ao Reverendíssimo Vigário e o mestre da Capela, para celebrar um “Te Deum laudamus” no dia da chegada e afixar o Edital convidando o povo e também pedindo orçamento provincial para a feitura da ponte e estrada até a Capela”...
Ficou encarregado de fazer a estrada, Antônio Eleutério Aguiar das Rosas sob a administração do Padre Benedito Teixeira da Silva Pinto.
No “Santuário de Aparecida”, de 10 de dezembro de 1921, encontramos: - Dona Isabel, devota de Nossa Senhora Aparecida.
“Corria o ano de 1868, quando dois ilustres romeiros vieram visitar a Capela de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. A velha Capela, situada no alto do pitoresco Morro  dos Coqueiros, revestiu-se de uma nova pintura, começada em 20 de julho de 1867, terminada em 2 de  novembro de 1868, para a qual foram gastos cinco contos e duzentos mil réis. Servia de Capelão o muito estimado Padre Antonio Leite Godói, a quem sucedeu no mesmo cargo o distinto Padre Guido Antônio de Paula e Silva, a 20 de novembro de 1868.  Prestava os serviços de sacristão o senhor Anastácio Pinto Soares. Ocupava o cargo de tesoureiro o Reverendíssimo Padre Antônio Luiz dos Reis França. Costumava-se celebrar com muita pompa a então única festa de Nossa Senhora, no dia 8 de dezembro.

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1) Cfr. Pe. Júlio Brustoloni, C.SS.R., " A Senhora da Conceição Aparecida", Editora Santuário, Aparecida, 1979, p.115.
2) Cfr. Côn. João Corrêa Machado, " Aparecida na História e na Literatura, Campinas, 1983, pp. 248-259.

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