quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O ERRO DO IBERISMO (III)

Dom Afonso Henrique, primeiro rei de Portugal. Independência inspirada pela por Deus na Visão de Ourique, consolidade pelas lutas contra o Reino de Leão e reconhecida pelo Papa.

Continuação do Raciocínio.

Os monárquicos espanhóis desejavam a federação, e como os monárquicos portugueses... também eram monárquicos e Antonio Sardinha cultiu a amizade pessoal com o conde de La Mortera, logo - os monárquicos integralistas foram iberistas.
É claro que em Espanha, na generalidade, tanto os monárquicos como os republicanos queriam a federação ibérica. Pudera! A federação apresentava-se aos espanhóis com o fácil e seguro para a unificação, isto é, para a absorção de Portugal.
O iberismo, nos espanhóis, era, portanto, filiado no seu nacionalismo. Não admira, pois, que as manifestações iberistas dos políticos republicanos suscitassem em Afonso XIII certas  ambições imperialistas. Não eram eles  próprios a preconizarem a equiparação de Portugal a uma qualquer província espanhola?
Se o federalismo, no ponto de vista espanhol, era nacionalismo e engrandecimento de Espanha, para os portugueses era traição à Pátria, porque significava a perda da independência nacional.
Alguém não compreende esta diferença? E outra coisa: não se distingue também a diferença que existe ente federação ibérica (aspiração dos seus correligionários) e a ideia de Antonio Sardinha exposta no seu Livro "A Aliança Peninsula" (que o conde de  La Mortera prefaciou  com entusiasmo), ideia esta hoje parcialmente posta em prática com o Pacto Peninsular?
A confusão será por ignorância ou por má fé?
De qualquer maneira...

Um Episódio Iberista, há 30 anos

Temos desdobrado na nossa frente um panfleto antigo, datado de 22 de Fevereiro de 1930, com o título? "Aos portugueses - repelindo uma Afronta." Refere-se este panfleto ao escandalo de uma entrevista feita por um jornalista da capital a Alexandre Lerroux, esse político descarado que haveria de ser, por 4 vezes, presidente de ministério da 2ª República Espanhola.
Eis o final dessa Entrevista:
- Como encara a República? Federativa?
- Em doutrina, sou por uma República Federativa, mas aceito qualquer.
Faz-se uma pergunta fácil de supor.
- Portugal!... Mas podíamos fazer lindas coisas! Um concerto intelectual! Iríamos até à abolição de fronteiras, se quisessem. Em duas palavras: Fraternidade e Intimidade.
Há que areditar em Lerroux e olhar para ele como se fosse o futuro.
Mas conhece alguém  o nome do jornalista que teve o desplante de dizer aos portugueses haver de se acreditar em Lerroux e <olhar para ele como se fosse o futuro>?
Sabe qual foi o jornal que permitiu inserir nas suas colunas, com palavras de apoio, esta infame proposta de traição à Pátria?
Então oiça, se não sabe: o jornalista entrevistador foi Arthut Portela.
Folhei a coleção do "Diário de Lisboa" e procure o do dia 20 de fevereiro de 1930, que lá encontra a entrevista completa.
Artur Portela era monárquico, ou era seu correligionário?
E o "Diário de Lisboa" alguma vez deixou de ser um jornal republicano?
E agora quer saber quem subscreveu o panfleto que prostetava contra a propaganda iberista: "Aqui repetimos que não queremos que Portugal passe das mãos dos Portugueses"?
Quem o subscreveu foi a Junta Escolar de Lisboa do Integralismo Lusitano.

O Iberismo de um Antigo Chefe de Governo

José Domingos dos Santos foi, como se sabe, um chefe político em evidência na al esquerda da 1ª República. Em novembro de 1924, presidiu ao seu 38º Ministério. Em parêntesis, lembremos aqui que esta 1ª fase, ou face, da República, foi caracterizada por uma extrema mutabilidade de Governos, extamente ao invero da 2ª fase, ou face - o "Estado Novo" -, que teve como característica a extraordinária imutabilidade governativa.
Na 1ª República, de Outubro de 1910 a Maio de 1926, em 15 anos e meio tivemos 42 ministérios, numa média de 4 meses de duração para cada um. Em quarenta anos de 2ª República - o <Estado novo> - o chefe do governo foi sempre o mesmo.
Os contrastes, e os excessos, em que, por sina fatal, sempre se debate a República...
Mas fechemos o parentesis e continuemos.
José Domingos dos Santos, após o "28 de Maio", passou a viver exilado em Paris. Aí, em 1946, o jornal "paysage" entrevistou-o sobre a política portuguesa. São dessa entrevista as suas seguintes palavras:
" - Portugal é parte da Peninsula Ibérica. Um Portugal mais ou menos longínquo formará  com a Espanha e a Catalunha uma federação que constituirá garantia de independencia da Península."
O 1º de Janeiro, do Porto, comentou nestes termos esta passagem da entrevista: O pensamento contido nestas palavras costumamos encontrá-lo em escritos de estrangeiros, principalmente de alguns extremistas espanhóis, que nunca deixaram de alimentar esta esperança de unificação seria, no caso, a absorção, a perda de independencia de Portugal. Admitir um português  este facto e preconizá-lo, seria uma obra de traição. Triste caso é que a paixão desvaire a este ponto quem, pelas responsabilidades de chefe de uma política , embora errada, tinha o dever de manter sempre e acima de tudo português".

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