CONSAGRAÇÃO DA REPÚBLICA AO SAGRADO CORAÇÃO DE
JESUS
Quadro do Sagrado Coração, com o qual Dom José Inácio C. y Barba e Gabriel García Moreno fizeram a consagração do Equador |
Em 1.874 o Concílio Nacional de Quito lavrou um decreto
que mandava consagrar o Equador ao Sagrado Coração de Jesus, por direta
inspiração de García Moreno. Este, por sua vez, apresentou ao Congresso
Nacional uma moção, pedindo que o Estado se unisse à Igreja nesse ato solene.
Esta moção foi votada por unanimidade, tal era o espírito dos senadores e
deputados durante o seu governo. Assim, marcou-se a data da Consagração Oficial
da República ao Sagrado Coração de Jesus. Na festa do Sagrado Coração de Jesus,
em julho de 1.874, a cerimônia teve lugar em todas as igrejas da República. Em
Quito a cerimônia foi imponente. O arcebispo, Dom José Inácio Checa y Barba,
grande amigo do presidente, pronunciou a fórmula de consagração diante do
quadro do Sagrado Coração em nome da Igreja Católica e da Hierarquia
Eclesiástica do Equador. Em seguida, Gabriel García Moreno, cercado de todas as
autoridades do Governo Equatoriano a pronunciou em nome da Nação. Tal foi o
entusiasmo produzido por esta grande manifestação de Fé dos equatorianos, que
diversos membros do Congresso pensaram em erigir uma igreja ao Sagrado
Coração, sendo, porém, este projeto adiado por razões econômicas até a
presidência de Luís Cordero, em 1.884.
Sem dúvida muitos viram naquele momento o cumprir da profecia de Nossa Senhora
do Bom Sucesso à Irmã Mariana de Jesus em 1.594: “N
o século XIX haverá um presidente verdadeiramente
cristão, varão de caráter(...). Ele consagrará a República ao Divino Coração de
meu Filho Santíssimo e esta consagração sustentará a Religião Católica nos anos
posteriores, os quais serão aziagos para a Igreja.”
A Consagração do Equador ao Sagrado Coração de Jesus, somada à proibição das
sociedades secretas, ocorrido com a nova constituição, valeu à García
Moreno e ao seu amigo, o arcebispo de Quito, a condenação ao punhal
traiçoeiro da Maçonaria, e consagração de ambos como apóstolos de um ideal. A
própria profecia de Nossa Senhora do Bom Sucesso já rezava que este presidente
verdadeiramente cristão que haveria no século XIX, seria alguém “(...) a quem
Deus Nosso Senhor dará a palma do martírio na praça onde está este meu convento.
(...)” Era evidente que a Virgem Santíssima falava de Gabriel García Moreno e
que ele, juntamente com Dom José Inácio, seriam vítimas da Maçonaria.
TERCEIRA ELEIÇÃO COMO PRESIDENTE - MARTÍRIO
Em 1.873 o Equador gozava de uma paz tão grande que Gabriel García Moreno, em
um gesto de magnanimidade, concedeu anistia a todos os exilados políticos. Não
é difícil de imaginar, que alguns, senão muitos destes, ao invés de ter
gratidão para com o presidente, preferiram confabular contra ele juntamente da
Maçonaria. Esse ódio só cresceu após a Consagração da Pátria ao Coração Divino
e García Moreno foi jurado de morte pelas lojas maçônicas.
Em maio de 1.875, Gabriel García Moreno foi eleito presidente da República pela
terceira vez. Os exilados anistiados, juntaram-se formalmente com a Maçonaria e
começaram a vomitar toda a sorte de ataque contra o presidente da nação.
Os ataques foram mais ferozes do que nunca.
Sabendo de todos os perigos que corria, García Moreno aceitou a eleição e,
antes de assumir mais um mandato, pediu auxílio espiritual e conforto ao
Vigário de Cristo, Pio IX: “Eu desejo receber vossa benção antes daquele dia,
para que tenha a força e a luz de que tanto preciso para conseguir até o fim
ser um fiel filho de Nosso Redentor e um leal, e obediente servo de Seu
Infalível Vigário. Agora que as lojas maçônicas dos países vizinhos, instigadas
pelos alemães, estão a vomitar contra mim toda a sorte de insultos atrozes
e horríveis calúnias, agora que as lojas maçônicas estão secretamente a
planejar o meu assassinato, eu tenho mais do que nunca a necessidade da
proteção divina para que possa viver, e morrer em defesa de nossa Santa
Religião e da amada República que uma vez mais sou chamado a governar.”
Os amigos do presidente tentaram-no convencer a se precaver por causa das
conspirações urdidas pelos inimigos da Igreja e da Pátria, mas ele simplesmente
respondeu-lhes que só temia a Deus, e só a Deus.
Em 2 agosto de 1.875, avisaram-lhe que Faustino Rayo estava entre os conjurados
que maquinavam o seu assassinato. Gabriel García Moreno afirmou que Rayo estava
acima de qualquer suspeita, porque era católico. O santo presidente ignorava
que as más companhias podem fazer de um homem honrado e católico um malfeitor,
e assassino e assim sucedeu. Faustino Rayo era colombiano naturalizado
equatoriano, a quem García Moreno havia perdoado naquele incidente das tropas
de Riobamba com o Comandante Cavero, fazendo dele chefe militar e ordenando-lhe
muitos assuntos de suma importância. Tal era a confiança que García Moreno
tinha em Rayo, que várias vezes faziam rondas noturnas durante o tempo em que
García Moreno chefiava exércitos para lutar contra Urbina e Robles. No entanto,
desprezando a amizade do presidente, Rayo aceitou uma pequena soma de dinheiro
dada pela Maçonaria em troca da vida do amigo.
No dia da Transfiguração, 6 de Agosto do ano de 1.875, Gabriel García Moreno
assistiu à Santa Missa e comungou. Não sabia, não o podia saber, mas era a
última vez que assistia à Santa Missa e comungava. Em breve, veria a Deus e não
teria mais necessidade dos Sacramentos.
Fora da Igreja, Faustino Rayo o esperava junto com outros conjurados. Mas a
grande multidão que estava fora da Catedral impediu-os de perpetrar o plano
diabólico.
Uma hora da tarde, Gabriel García Moreno desceu do Palácio do Governo para
visitar o Santíssimo Sacramento na catedral, conforme era o seu costume.
Em breve, moraria na casa do Senhor a quem visitava todas as tardes. Fora da
catedral, os conjurados ficaram impacientes pela demora. Faustino, então,
entrou e chamou o presidente sob o pretexto de ter assuntos urgentes no
palácio.
Subindo as escadarias do palácio, recebeu de Rayo um golpe de facão no ombro.
Gabriel García Moreno tentou alcançar o revólver para se defender, mas foi
atingido na cabeça e logo chegaram os outros sicários que atiraram nele.
Gravemente ferido, o presidente tentou-se dirigir para o lugar de onde partiam
os tiros, mas Rayo o perseguiu e deu-lhe novo golpe no braço direito. Novos
tiros dos conjurados e o santo presidente tombou desde o peristilo do
palácio, a uma altura de cerca de quatro a cinco metros.
Faustino Rayo, possuído de uma ferocidade sem par, desceu as escadas e desferiu
os mais tremendos golpes no já moribundo presidente da Nação.
– DEUS NÃO MORRE! – exclamou o mártir num supremo esforço.
Os soldados do palácio acorreram e Rayo foi morto ali mesmo, enquanto o
presidente foi transportado à catedral, e foram perseguidos os
conjurados.
O pároco deu-lhe a Absolvição Sacramental e persuadiu-lhe de que perdoe os seus
assassinos. “Já o fiz, padre!” Disse o grande estadist
a e entregou a sua alma à Deus.
O seu corpo havia recebido catorze golpes de facão e seis projéteis de
revólver. O enterro assumiu proporções grandiosas. A mensagem que leria no
Congresso naquele dia foi lida pelo Ministro do Interior, ouvida por todos com
recolhimento.
O MARTÍRIO DE DOM JOSÉ IGNÁCIO
Quando celebrava os ofícios de Sexta-Feira Santa de 1.877, ao beber do Cálice
de vinho para a purificação, Dom José Inácio Checa y Barba, Arcebispo de
Quito, grande amigo de Gabriel García Moreno, exclamou: “Meus filhos, fui
envenenado!” Recebeu a Absolvição Sacramental de um sacerdote e expirou. Haviam
posto estricnina no seu cálice.
HOMENAGENS PÓSTUMAS
Corpo de García Moreno, embalsamado para funerais em traje de Chefe de Estado. |
O Congresso aclamando-o como “regenerador da Pátria, mártir da civilização
católica”, mandou gravar isto em seu túmulo e erigiu uma estátua
dedicada à ele com a seguinte inscrição: ”À García Moreno, o mais nobre
dos filhos do Equador, morto pela causa da Religião e da Pátria, a República
reconhecida.” Também o Santo Padre Pio IX fez erigir no Colégio Pio-Latino uma
estátua ao herói, onde se vê gravado: ”Ao guarda fiel da Religião, ao zeloso
promotor dos estudos, ao dedicadíssimo servo da Santa Sé, ao justiceiro
vingador do crime.” Leão XIII confirmou os elogios e foi presenteado pela
viúva, Dona Mariana Del Alcazar y Ascasubi Moreno, com um quadro em tamanho
natural de Gabriel García Moreno, segurando a constituição da Pátria.
Em idos de 1.980, ao exumarem o corpo do grande
estadista, encontraram somente e só os seus ossos como era de esperar-se.
Contudo, um volume esbranquiçado aparentemente de músculos chamou a atenção
entre as costelas do cadáver. Era o coração do presidente. Ele que tanto amou o
Sagrado Coração de Jesus! Ele que via o Coração vivo e palpitante na Hóstia
Santa que recebia a cada Comunhão! Ele que visitava Jesus Sacramentado todas as
tardes! Ele que conservou a chama da Fé acesa nos corações dos equatorianos,
consagrando a República ao Sagrado Coração de Jesus, teve o seu próprio coração
conservado incorrupto durante mais de um século.
Ao ver este milagre, os responsáveis pela exumação, talvez por curiosidade,
exumaram também o corpo do arcebispo de Quito e viram que estes dois corações
que uniram-se para consagrar o Equador ao único Coração adorável também estavam
unidos na incorrupção.
Por certo tempo, exibiram o coração de Dom José Inácio na mesma capela onde
está exposto o quadro do Sagrado Coração de que se serviram ele e o presidente
santo para consagrar a pátria, mas, agora, até o coração do bispo está unido ao
degredo de um vidro de formol, ao lado do coração de Garcia Moreno, proibidos
de serem expostos, pela hierarquia eclesiástica.
Também o Papa Paulo VI, quiçá por não suportar os ideais anti-liberais do
santo, devolveu o quadro doado pela viúva à Leão XIII à igrejinha onde
estão os restos mortais de Gabriel García Moreno.
Ele foi cortado do mundo dos vivos pelo punhal traídor da Maçonaria, que muitos
querem fazer-nos crer como associação idônea, mas o seu exemplo fica bem
patente aos olhos da humanidade como que pedindo aos católicos que sigam a
mesma senda de virtude, honra, saber, nobreza, patriotismo e Fé religiosa, do
MAIOR ESTADISTA DO SÉCULO XIX!
DEUS NÃO MORRE
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Este resumo foi extraído do Livro "Garcia Moreno:
Vítima da maçonaria", Francisco da Silva Prado, Coleção Religiosa.
nº 16, Federação das Congregações Marianas de São Paulo, 1933.